quarta-feira, 25 de fevereiro de 2015

A TRAMA DO IMPEACHMENT EM ANGRA

Sabe quando todos os atores de uma trama se frustram com o resultado da peça, mas, ao mesmo tempo, capitulam internamente? Então, parece até paradoxal. E é, de certo modo. O pedido de análise para o impeachment da prefeita e do vice-prefeito de Angra/RJ, expediente da oposição na volta do recesso parlamentar, como era de se esperar - produziu mais ruído que sentido, parafraseando Sêneca. 

Definir por "covarde" o Presidente da Casa, Marco Aurélio, foi uma ofensa de José Antonio. usando palavras dele: "Isso não é republicano". Terá ferido o decoro? O ambiente estava configurado com todos os derivados que um pedido dessa natureza se-lhe impõe, portanto, bravatas que mais atiçam os ânimos exaltados ao invés de realmente dizer algo objetivo, pode ser compreendido inclusive como incitamento à desordem social no local. Recomenda-se temperança.

O café servido à eleição da Mesa, esfriou. Restaram as xícaras à serem lavadas. Na platéia desse grande espetáculo que a política e sua dinâmica proporciona estavam mais gente custeadas pelo erário (comissionados do Governo e assessores de vereadores) que cidadãos interessados de fato na parte pública da coisa toda. 

Não se pede o impeachment de um governante sem se esperar que não haja reações. Se é do jogo legal propor o impedimento, também o é o da defesa. O voto do presidente da mesa na eleição para as Comissões já foi exercido, e talvez o vereador José Antonio não se lembre do episódio em que o próprio o fez, salvo falha de memória. Discursos de ocasião não costumam resistir ao extrato de uma simples pesquisada. Será o caso? À ver.

O discurso oficial careceu de algumas coisas mais substanciais, em meu entendimento. Faltou uma resposta mais objetiva sobre as denúncias da oposição, mas, fundamentalmente, ficou menor que o esperado pela ausência da prefeita. Era a ela quem o povo esperava para ouvir. Outros, todavia, queriam hostilizá-la. A opção de terceirizar o discurso, mas não o oficialismo, é aceito no processo. 

Antes da tribuna, houve reunião com os vereadores da base. Não é só a oposição que se uniu e fechou voto em torno da questão. O efeito positivo do pedido de impeachment foi o de mostrar que o José Antonio está sem partido, mas não sem liderança de minoria; e deu ao Governo a sua cara no Parlamento, conhecendo enfim qual é a sua base. No teatro das encenações políticas, sabe-se de que lado estão todos os atores. 

Farei uma análise do discurso oficial do Governo na Câmara, logo mais.
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16h03min.    -    adelsonpimenta@ig.com.br 

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