segunda-feira, 23 de fevereiro de 2015

ANGRA E O DEBATE SOBRE A USINA NUCLEAR

Fazer um arrazoado sobre um problema nacional para me ater a um caso local - e tudo isso em resumo de palavras, não é tarefa fácil. Eu me impus à fazer isso. 


No dia 10/03/14, o portal IG trouxe uma matéria informando que: "Das 42 hidrelétricas leiloadas entre 2000 e 2012, só dez têm reservatórios. Os outros 32 empreendimentos são de “fio d’água” – sem capacidade de guardá-la para períodos secos... A conclusão do estudo é que o Brasil terá de construir novas usinas nucleares, como as atuais Angra 1, 2 e 3, responsáveis por 3% da geração de energia no País".

O jornal Valor Econômico de 20/02/15, traz uma matéria de Rodrigo Porto, informando que o Governo deve definir este ano o que espera para a expansão de energia de fonte nuclear no país nas próximas décadas. Ainda não há consenso no Planalto sobre o caso. O novo Ministro das Minas e Energia também não seria favorável às nucleares. Há incertezas em relação a tecnologia e ao custo de geração. Vamos aguardar o Plano Nacional de Energia 2050. Outro dia eu li também ( não me recordo onde) um bom argumento sobre as incertezas dos depósitos dos rejeitos nucleares. 

Por mais que se informe, restam muitas dúvidas. - e insegurança.

O editorial do jornal Estadão de hoje é leitura obrigatória para quem quer saber mais acerca do desenvolvimento do país, sob este foco. "O custo das obras atrasadas", diz que o atraso nas obras de usinas de geração de energia elétrica já custou R$ 65 bilhões ao País. A Firjan pesquisou a situação das obras em andamento, de todas as fontes (hidráulica, eólica, e térmica, com uso de combustíveis como carvão, gás natural, biomassa e óleo combustível), e constatou que 272 obras estão atrasadas, com atraso médio de 4,1 anos (a que está em pior situação, a usina Cubatão, tem atraso de 15 anos..."

Onde quero chegar? Digo.
O então senador Sérgio Cabral havia apresentado um projeto que obrigaria o pagamento de royalties do urânio, que seria 10% do faturamento bruto para o estados onde tivessem usina nuclear. O deputado Fernando Jordão(PMDB/RJ), apresentou outro que determina que as cidades e estados que sediarem as instalações de usinas nucleares, assim como as cidades limítrofes dos empreendimentos serão beneficiadas. Baixou para 6% do faturamento bruto. Representantes da diretoria da empresa Eletronuclear são contrários a forma como se está propondo o pagamento de royalties. 

O fato, no fim das contas, é o seguinte: O Brasil está com problemas sérios em sua planta energética, e Angra terá uma palavra forte aos demais municípios brasileiros para onde se pretende investir em novas usinas nuclear. De um jeito ou de outro, se a União decidir investir nessa expansão dessa planta, a empresa responsável terá que ter Angra como aliado, porque se tiver a opinião pública local contrária, terá muito mais dificuldades no processo de licenciamento ambiental para novas usinas. Angra precisa se aprofundar nesse tema, exigir as contrapartidas socioambientais e sentar à mesa para tratativas de infraestrutura relacionadas ao empreendimento, como a duplicação da Rodovia Rio-Santos, por exemplo. E ainda tem a questão dos rejeitos.

O debate se faz necessário, longe de ser dado por esgotado.
Para se ter uma ideia das coisas, o Hospital de Praia Brava, vira e mexe arruma encrencas para o atendimento de pacientes pelo SUS. A Feam é ou não é uma contrapartida do empreendimento à sociedade angrense? 
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14h40min    -    adelsonpimenta@ig.com.br

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