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Encontro na Alemanha reúne ambientalistas de diferentes países para discutir a situação da energia nuclear no mundo e os riscos que apresentam à população.
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Ambientalistas da Alemanha, Bulgária, Índia, Brasil e Argentina encontraram-se na Alemanha nos últimos dias 22, 23 e 24 de junho de 2009 para discutir a situação da energia nuclear e os riscos que apresentam ao meio ambiente e à saúde da população em seus países.
Visita à região de Gorleben
O encontro promovido pela Fundação Heinrich Böll, ligada ao PV Alemão, teve início no dia 22.06.09. Inicialmente os participantes visitaram uma mina de sal em Gorleben, sudeste da Alemanha, onde discutiram com ativistas anti-nucleares locais os planos da indústria nuclear de instalar numa mina de sal desativada um depósito definitivo para armazenamento de lixo nuclear. A medida, anunciada em abril, provocou um grande protesto de agricultores e ambientalistas que reuniu mais de 700 pessoas no local no último dia 29 de maio. Os manifestantes temem que a instalação do depósito gere a contaminação do solo e da água, pois consideram os estudos realizados insuficientes e apontam riscos geológicos que desaconselham seu uso para depósitos de rejeitos.
Visita a mina de Asse
Num segundo momento do dia 22.06 o grupo visitou a mina de Asse na mesma região.
A mina de Asse foi utilizada durante 40 anos, em “caráter experimental” para depósito de lixo nuclear. Durante 10 anos nela foram depositados 1300 tambores de resíduos radioativos de baixa e média atividade. Anos atrás se constatou que a mina não oferecia a segurança necessária e uma infiltração de água atingiu os rejeitos depositados - parte da água contaminada ainda atinge o meio ambiente. Diferentes estratégias foram tentadas visando sanar o problema; foram gastos mais de 500 milhões de euros, mas ainda não se encontrou uma solução para o problema. Segundo técnicos do Instituto Nacional de Proteção de Raios ( Agência de regulação do setor na Alemanha) estudam-se três diferentes propostas: a retirada completa dos 1.300 tambores de rejeitos nucleares que estão em cavas com profundidade entre 400 e 800 m de profundidade; o aprofundamento da escavação até áreas geologicamente mais seguras; ou a concretagem de toda a mina de sal que possui mais de 140 cavas com volumes de aproximadamente 40 x 150 x 15 m( Parte delas tem resíduos radioativos). Qualquer das medidas apresentadas tem custos estimados de no mínimo 2 bilhões de euros. Desde o início a população, incluindo todos os partidos políticos locais, se opuseram a utilização da mina como depósito, mas seus argumentos foram desconsiderados pelos técnicos que garantiram que a área era segura. Somente após a constatação do problema, a mídia passou a veicular notícias sobre a mina, que tornou-se um escândalo nacional.
A presença dos parques eólicos
Em todo o percurso entre Berlim – Gorleben – Asse –Berlim estão presentes os moinhos de vento dos parques eólicos. As energias renováveis respondem hoje por 16% da energia produzida na Alemanha.
O painel “Renascimento da Energia Atômica: mito ou realidade?”
O painel sobre as perspectivas da energia nuclear e da luta anti-nuclear ocorrido no dia 23.06.2009 reuniu cerca de 70 pessoas no auditório da Fundação H. Boll em Berlim. Os painelistas foram a deputada do PV alemão Bärbel Höhn; Albena Simeona da Coalizão Belene da Bulgária, Rafael Ribeiro da SAPE de Angra dos Reis, RJ do Brasil, Pablo Bertinat da Taller Ecologia da Argentina e Udayakumar do Movimento de Pessoas contra Energia Nuclear e da Coalizão pelo Desarmamento Nuclear e a Paz da Índia; o painel foi moderado pelo jornalista Gerd Rosenfranz. Durante o painel foram expostos os planos da indústria nuclear que vem sendo debatidos em cada país, histórico, custos envolvidos, tratamento de resíduos e atuação do movimento anti-nuclear. Verificou-se ao longo das exposições que: há uma situação similar de pressão da indústria nuclear para expansão, mas que somente ocorre quando há forte apoio governamental; existe uma situação indefinida no tratamento dos rejeitos; há uma procura crescente de combustível nuclear em função de diversos países que possuem centrais não possuírem reservas ou preferem não explora-las, observando-se um risco desta mineração se transferir para países mais pobres e com menos regulação; em diversos países mantém-se a associação entre a indústria nuclear e a indústria bélica.
Demais atividades
Durante o encontro ocorreram ainda: um visita ao Greenpeace Alemão onde se avaliou o acordo em que se determinou o encerramento da atividade de produção de energia nuclear e as estratégias que vem sendo utilizadas pela indústria para sua prorrogação; e uma apresentação sobre estratégias de organização de campanha utilizadas pelo grupo Compact(Democracia na Ação).
A avaliação dos participantes considerou o encontro rico em informações, dinâmico na sua estruturação e estabeleceu algumas estratégias para ampliar a articulação a resistência antinuclear mundial.
Angra dos Reis, 01 de julho de 2009.
José Rafael Ribeiro
Coordenação da SAPE
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01/07/09 - 14h30min. - adelsonpimenta@ig.com.br - BLOG