E-MAIL RECEBIDO
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Sem projetos de longo prazo,
cidades correm risco de retrocesso social
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CARLOS LESSA
Professor e economista
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Na Antiguidade, os impérios eram construídos pela força e exibiam sua majestade na cidade, onde estavam os deuses e os reis. Após a Revolução Industrial, com a rápida elevação da produtividade por habitante e a utilização intensiva de energia, houve um agigantamento das cidades. Ar, água e alimento são problemas crônicos das metrópoles. Quase nenhuma grande cidade dispõe de suficientes áreas verdes para a natural “reciclagem” do ar poluído. É necessário captar, tratar e distribuir gigantescos fluxos de água – e a água utilizada, poluída, também necessita captação e tratamento mínimo para não contaminar o meio ambiente e fragilizar o estado sanitário de uma população que é densa. Os alimentos têm de chegar em boas condições para estocagem e distribuição por todo o corpo urbano – e o descarte gerado é agregado a resíduos de outras atividades, dependendo de subsistema logístico para coleta e o processamento. Somado a isso, a grande cidade é um polo utilizador de energia em suas variadas formas. O Brasil já transferiu para a rede de cidades e para as grandes metrópoles mais de 80% de sua população, mas a prosperidade material deixa de ser paralela à evolução da qualidade de vida, não apenas pelos óbvios problemas de segurança e violência. Viver na grande cidade impõe perdas que devem ser cotejadas com as vantagens de residir no epicentro civilizado. Nosso país não planeja o território, a rede urbana, com o olhar no futuro. Na ausência de um plano urbano nacional, integrado, a cidade corre o risco de retroceder, do ponto de vista social.
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Obs) Informa o e-mail recebido que este ARTIGO foi publicado originalmente no Jornal 'O DIA'
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05/09/09 - 03h07min. - adelsonpimenta@ig.com.br - blog