Convenhamos, cá entre nós, a destruição pelas chuvas e a desconstrução pelas mãos operárias do governo sobre as casas em áreas identificadas pelos riscos de toda a sorte no morros de Angra requer muito mais que bons estudos técnicos isolados para que a engenharia da reconstrução obtenha êxito real. Não é tarefa das mais fáceis fazer desafetações, demolições em áreas fartamente habitadas, fechar ruas, impedir passagens- sem que não se perceba o drama das famílias envolvidas tanto direta quanto indiretamente no caos. O planejamento urbano não se dá a toque de caixa (esse é emergencial), pois estudos e ações dessa envergura toma anos de trabalho diário, principalmente em locais de tão difícil movimentação para tais finalidades, como são os casos de Angra. A desmobilização social precisa obedecer a critérios de importância vital. O plano de habitabilidade, nesse caso, não envolve só os critérios da Caixa para 'baixa renda', pois existem casos muito diferentes uns dos outros. O convívio social deve ser estimulado em ambientes específicos. É preciso haver comunicação entre os apontamentos técnicos e as necessidades peremptórias da sociedade. Há a possibilidade de haver casos de portadores de doenças crônicas, de necessidades especiais, enfim. E mais, os vereadores precisam estimular o ambiente do diálogo e auxiliar para que esta reconstrução não traga ainda mais decepções humanas. Longe de mim ser o 'engenheiro de obras prontas', mas alerto sobre esta agenda há anos, e me sinto dentro desse processo e não só torço como oro para que o município se reerga com qualidade de vida sócio-ambiental. Da destruição a reconstrução o caminho é longo, e tomara se dê em agenda deste e dos próximos governos, independentemente de nomes e bandeiras partidárias.
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