terça-feira, 6 de setembro de 2016

FERNANDO FOI ÀS BRAVATAS


A entrevista do candidato a prefeito de Angra, Fernando Jordão, à TV Rio-Sul (franqueada da Rede Globo no Sul Fluminense) - foi também a de um deputado federal no exercício do segundo mandato, donde se esperava o mínimo de responsabilidade com o que haveria de apalavrar e se comprometer com a sociedade. E ele foi às bravatas.

Vi um candidato completamente destoado da realidade financeira a que o Estado - governado por seu partido, o PMDB, está submetido e os terríveis reflexos disso sobre as finanças municipais. Começo pela prioridade: Fernando falou em retomar a UPA, quando, na verdade, sequer recursos para cobrir a Folha do funcionalismo há. Esperava que ele dissesse que sanaria primeiro essa pendência, seria coerente com a realidade das coisas, mas,. não, ele optou pela crítica das pesquisas de opinião e falou da Saúde.

Foi uma postura arrogante, errante e implausível. 

Fosse este um discurso de um candidato debutante, inexperiente, vá lá. Mas, não. Fernando já governou a cidade, é verdade que sob outra conjuntura econômica, mas, sabe das dificuldades pelas quais o país passa, tanto que participa de reuniões de bancada do PMDB - debruçados sobre medidas que o Governo Temer terá que forçosamente adotar para buscar o equilíbrio do país. O Governo do Estado decretou Calamidade pelas finanças e pode anunciar falência após a eleição. Então, alto lá candidato!

Fernando disse que reabrirá a UPA. Disse que, mesmo com a dívida existente do Governo do Estado, o problema é da Prefeitura. Em tese, faz sentido, porque o "problema" realmente é da cidade, mas a responsabilidade é do Estado. Isso não é um achado de ocasião, é pactuado com as Prefeituras que tem UPA. No caso de Angra, o Estado não nega a dívida, mas não paga. Fernando falou para desinformados, só pode ser. E disse que essa será sua primeira medida de Governo. Outro erro. A Folha do funcionalismo deve ser a prioridade, não a elevação de custos.

Foi à uma meia-verdade ao dizer que o Hospital da Japuiba foi ele quem construiu. Não foi isso. Ele começou a obra, seu sucessor a concluiu e equipou, mas quem colocou para funcionar foi a prefeita Conceição, sua adversária que lhe venceu na eleição passada. E sobre os recursos da obra, houve aporte do Estado, ou seja, não foi só dinheiro da Prefeitura. Daí, o resto foi desinformação mesmo: Ele disse que o Governo Federal precisa colocar dinheiro no Hospital, mas isso já acontece; quem não repassa um centavo é o Estado - governador pelo PMDB/PP. 

Fernando falou em diminuição de Cargos Comissionados, mas os que existem foram criados nas gestões dele, e falou em Reforma Administrativa, sendo que a estrutura da máquina é exatamente a que ele deixou, o que se pressupõe ter entendido ter sido um erro suas medidas quando foi prefeito. Sobre "empregos", falou o deputado e não o candidato a prefeito - ao dizer que vai trazer obras para o estaleiro Brasfells e retomar as obras de Angra 3. No primeiro caso, a empresa Sete Brasil precisa se livrar da encrenca que foi metida; no segundo, a Lava-Jato precisa definir quem se corrompeu por lá. Em ambos os casos, nada, absolutamente nada depende do prefeito, mas da conjuntura política e econômica, das investigações em curso e da União. O candidato vendeu ilusão.

Ao falar sobre Segurança Pública, que é de responsabilidade do Estado e é a área onde houve um corte orçamentário dos mais significativos, Fernando desconversa e joga uma possível saída no colo a Fecomércio. E o que tem a ver a essa instituição com as forças de segurança do Estado? Pior, falou em "Guarda Municipal", sem ter entrado em momento algum no caso da Folha - que hoje está impagável. Fernando protegeu o Governo estadual e contou estória para enrolar e não explicar.

O velho conto: Despoluição da Praia do Anil. De novo, a mesma promessa, inflacionada por outras - como as praias de Japuíba e do Frade. 

Sobre saneamento, incrivelmente Fernando falou que construiu a ETE de Monsuaba. Dá para crer nisso? Finalmente, a proposta de encampação da Cedae. Não é possível sequer ouvir o Fernando dizer isso, afinal, foi ele quem criou o Saae - ainda em seu primeiro mandato e sob a gestão de um governador que frequentava sua casa, e ele não encampou nada. Se reelegeu e nada novamente; fez o sucessor, e nada de novo. Então, com todo respeito ao candidato, o que vi foi alguém vendendo terreno no céu, sem dizer como chegará lá e qual a garantia da entrega do imóvel.

Espero que hajam debates entre os candidatos, porque só assim para um discurso tão vazio, promessas tão fora da realidade das coisas poderão ser contraditadas, discutidas e a verdade possa ser alcançada. Até lá, é triste saber que o eleitor poderá cair nessa conversa fiada do candidato e deputado Fernando Jordão. Nenhuma dica sobre como fará esse mundo de "alegria" em Angra, só discursos e meias-verdades.
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22h41min.    -    adelsonpimentarafael@gmail.com

Um comentário:

Anônimo disse...

Sua analise sobre a entrevista do prefeito eleito foi muito boa. O problema que atressa as finanças publicas do Municipio, Estado e Uniao e muito serio para soluçoes tao superficiais. Mas, infelizmente a ignorancia da população sobre orçamento e financas publicas, atenuado pela esperanca de encontrar alguém que possa falar o que quer ouvir, não permite enxergar que as soluçoes apresentadas não passa de disrcurso facil. Vamos aguradar e torce pelo acerto.