quarta-feira, 12 de março de 2008

ENTREVISTA
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São 17h48min.
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JEDIEL DE CASTRO, empresário, é Presidente do sindicato dos Produtores de Pesca da Baía da Ilha Grande (SINPPEBIG), e era também o Presidente do Conselho Municipal de Pesca, até se exonerar da responsabilidade. Por ter convencido e obtido apoio da maioria dos associados, foi entrevistado por mim.
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01) A DECISÃO DA SAÍDA DO CONSELHO MUNICIPAL DE PESCA É DEFINITIVA?
Não. Ela se deu por força das atuais circunstâncias. Havendo uma reformulação na identidade e na atuação do Conselho, poderemos então rediscutir o nosso posicionamento. A criação do Conselho como um Fórum aberto de discussão foi uma conquista de toda a nossa categoria. Não queremos a sua destruição moral, e sim o seu aperfeiçoamento em defesa do setor pesqueiro. O que não podemos continuar admitindo são as intermináveis reuniões que meia dúzia de pessoas requerem a toda hora, fazendo com que o Conselho fuja completamente das suas atribuições e competencias, o que acaba pormenorizando as atividades. Não aceitamos isso.
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02) COMO SE DARÁ, A PARTIR DE AGORA, A RELAÇÃO DO SINPPEBIG COM A SECRETARIA MUNICIPAL DE PESCA?
Da melhor maneira possível, não muda absolutamente nada. Estaremos lutando sempre em busca de um maior volume de recursos para o atendimento do setor, visto que demos um primeiro passo demonstrando ao Prefeito que sua criação era necessária. O segundo passo é buscar uma maior capacidade de investimento para essa secretaria. Continuaremos mostrando ao Prefeito as necessidades dos trabalhadores da pesca. Se compararmos a importância da nossa atividade para o município e olharmos no que isso tem recebido de investimentos, é pouco. Os pescadores estão passando por um momento muito ruim, de fragilidade. Com isso, não são somente os familiares que perdem, mas também o comércio local. Se compararmos com as demais secretarias, somos merecedores de mais atenção. Estamos prontos para continuar ajudando ao secretário na busca por melhorias.
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03) QUAIS SÃO AS PRIORIDADES DE INVESTIMENTO NO SETOR?
A maior concentração de pescadores está na Praia do Provetá (Ilha Grande) e lá é urgentemente necessário que se faça: a construção de um novo cais com estrutura para atender a demanda da população local e a dos pescadores, com local adequado para a colocação de rede, com banheiros públicos e uma melhor via de acesso para a comunidade que priorize o mínimo de segurança e conforto; uma Fábrica de Farinha de Peixe para utilizar sustentavelmente o resto da pescaria, que hoje está sem destino e o pescador está sendo multado. Se jogar no mar, o IBAMA multa. Se deixar no cais, idem. Havia uma caçamba onde eram despejados os resíduos, foi retirada porque não se pode mais levar para o lixão do Ariró.
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04) O QUE MUDARÁ COM A NOVA CARTA SINDICAL?
Teremos o acesso menos burocrático ao benefício da isenção do óleo diesel para os pescadores. A representação da pesca angrense na Intersindical, onde as cadeiras dos sindicatos dos estados tem representatividade nacional e direito a voz e voto, visto que o SAPERJ (estadual) não representa os interesses do município, já que em Angra está concentrada a maior produção de pescado do Estado do rio de Janeiro.
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05) O ENTREPOSTO PESQUEIRO, ANTIGA REIVINDICAÇÃO, PROMETE?
Sim. Vai melhorar muito o escoamento da mercadoria e dará condições de trabalho para o pescador. O ambiente fica mais limpo e higiênico com a qualidade do pescado aferida pelo Serviço de Inspeção Federal. Angra será um exemplo para o resto do país. O mau cheiro provocado pela água do peixe diminuirá muito. A própria receita do município vai ganhar com a emissão da Nota Fiscal no local, sendo que hoje os caminhões encostam no cais e retiram a mercadoria sem que o município ganhe com isso.