ARTIGO início
criacionismo X evolucionismo
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criacionismo X evolucionismo
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19/01/09
21h09min.
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21h09min.
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Por: ROBERTO BONI CARDOSO
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Por que acreditar na evolução?
Uma das pedras fundamentais da filosofia evolucionista é o
naturalismo. Da matéria inanimada ao primeiro ser vivo unicelular, e
deste à multiplicidade de formas em que a vida hoje se apresenta, tudo
pode ser explicado em termos estritamente naturais. A seleção natural
e as mutações são, por si sós, suficientes para explicar todo o
universo, o que inclui também a presença da vida em nosso planeta.
Essa ótica confere ao evolucionismo um caráter ateísta em sua
essência. Veja, por exemplo, o que disse o biólogo Julian Huxley
quando teve o privilégio de ser o orador principal das festividades de
comemoração do centenário da publicação do livro de Darwin, em 1959,
na Universidade de Chicago:
"No sistema evolucionista de pensamento não há mais necessidade ou
lugar para o sobrenatural. A Terra não foi criada, mas evoluiu. Assim
ocorreu com todos os animais e plantas que a povoam, incluindo nossos
egos, mente e alma, bem como o cérebro e o corpo. Desse modo evoluiu
também a religião. O homem assim evoluído não pode mais se refugiar de
sua solidão procurando abrigo nos braços de uma figura de pai
divinizada que ele mesmo criou." Huxley, J., Associated Press
Dispatch, Novembro 27, 1959.
Darwin, na verdade, pretendia apenas explicar a origem das espécies a
partir de vida pré-existente. Sua teoria, porém, acabou por
transcender os limites da Biologia, disseminando-se por todos os
campos do conhecimento. Assim, não foi difícil imaginar que a religião
bem poderia ser invenção da mente humana; que o homem é que havia
criado o Criador quando, ao emergir de sua forma ancestral, percebeu
que estava só em um universo tão fantasticamente grande e sentiu um
misto de medo e solidão.
Eis porque afirmamos que a teoria da evolução conduz ao ateísmo e,
consequentemente, ao materialismo. Observe este mesmo ponto de vista
na opinião do evolucionista Francisco Ayala:
"A evolução biológica pode, entretanto, ser explicada sem recurso a um
Criador, ou a um agente de planejamento externo aos próprios
organismos. Não há evidência, também, de qualquer força vital ou
energia imanente, dirigindo o processo da evolução para a produção de
tipos específicos de organismos." Ayala, F.J., "Biology as an
Autonomous Science" American Scientist, Vol. 56, Maio 1968, p. 213.
Não se iluda: um evolucionista pode até crer em Deus, mas isto é
absolutamente desnecessário. Em substituição à crença na existência de
um Criador, o sistema evolucionista recorre à crença na existência
eterna da matéria e em sua suposta capacidade de se auto-organizar e
atingir níveis de organização cada vez mais complexos. Neste contexto,
só conta mesmo a evolução!
Vemos, portanto, que o sistema evolucionista de pensamento nos conduz
a um universo auto-suficiente em que leis inatas causam um contínuo
desenvolvimento na direção de estruturas mais organizadas. Nele,
partículas teriam evoluído naturalmente para elementos, e estes para
os mais variados complexos químicos que, a seu tempo, teriam dado
origem aos primeiros seres vivos. A partir daí, os organismos vivos
teriam se tornado mais e mais complexos, culminando com o aparecimento
do homem, o mais refinado produto da evolução.
Isso, obviamente, nos induz a uma visão estritamente materialista do
mundo e deveria, por si só, para todos os que crêem no Criador, se
constituir em uma boa indicação de que este não é o modelo correto das
origens. A falta de um Ser superior provoca, cedo ou tarde, uma
contestação sistemática de todos os valores existentes. Absolutos
deixam de existir e o fim é o desrespeito à ordem pré-estabelecida.
Ao explicar todas as facetas do universo através de meios naturais o
evolucionismo não deixa espaço para o sobrenatural, o que torna a
figura do Criador obsoleta. Nenhum sistema poderia, nesse particular,
ser mais agressivo. O ensino evolucionista tem início nas escolas de
primeiro grau, com crianças que obviamente não têm maturidade para
questionar o que lhes está sendo ensinado. Esta ação é também a mais
abrangente em seu confronto com a fé cristã porque atinge todas as
gerações de seres humanos, onde quer que estejam, a partir dos bancos
escolares.
É bem possível que, ao relegar a segundo plano questões relativas ao
estudo das origens, muitos de nós estejam pensando que esta
controvérsia não nos diz respeito. A verdade, porém, é que o que
pensamos a nosso respeito, o modo como nos comportamos no presente,
bem como o que esperamos do futuro, tudo isso tem muito a ver com o
que pensamos acerca das nossas origens.
A teoria da evolução tem conduzido milhões, se não ao ateísmo, pelo
menos a um Deus inoperante. Muitos dos problemas que hoje nos afligem
são, em grande parte, a consequência de uma sociedade inteiramente
impregnada da filosofia evolucionista, onde cada geração aprende,
desde os primeiros anos de infância, ser o milagre da vida um mero
produto do acaso, o Criador apenas um mito e a evolução a única
realidade.
A compreensão científica não anula a visão religiosa nem esta elimina
aquela O 140º aniversário da publicação do livro Sobre a origem das
espécies por meio da seleção natural, de Charles Darwin, agora em
novembro, a reconstrução facial de Luzia, o crânio da mulher mais
antiga do Brasil, e a renovação da disputa entre criacionismo e
evolucionismo no Estado americano de Kansas trazem à tona a gloriosa
história da criação. Ultimato se reuniu em Campinas, SP, com o físico
Ross Alan Douglas e com o biblista Willian Lacy Lane para programar a
presente entrevista. Ross Douglas, canadense naturalizado brasileiro,
66 anos, PhD em física pela Universidade de Winsconsin, é professor
aposentado da UNICAMP e vice-presidente da Aliança Bíblia
Universitária (ABU). Willian Lane, brasileiro descendente de
missionários americanos, 36 anos, mestre em teologia pelo Calvin
Theological Seminary (especialização em Antigo Testamento), é
professor de hebraico e diretor do Seminário Presbiteriano do Sul, em
Campinas.
Ultimato - Existe conflito entre ciência e religião?
Douglas - Acreditamos que existe uma verdade objetiva que pode ser
conhecida em parte por meio do cristianismo, mas também da ciência.
Toda verdade é a verdade de Deus, quer venha do estudo da natureza,
quer venha da revelação de Deus. A história revela muitos conflitos,
de maneira que a situação tem sido como uma guerra. Entretanto, um
exame mais aprofundado mostra que muitas dessas diferenças são apenas
aparentes, sendo o resultado de extrapolações injustificadas e
interpretações inadequadas. Sinto que, ao invés de guerra, a
complementação mútua seria uma melhor maneira de ilustrar esta
relação.
Lane - Há um conflito aparente quando se observa os pressupostos de
cada lado. A religião cristã, pelo menos, afirma ser Deus o criador do
universo e aceita em geral a cronologia bíblica como verdadeira. A
ciência, por outro lado, tende a anular qualquer causa externa à
natureza (ao mundo material) para origem e desenvolvimento do
universo. Entretanto, isso não significa dizer que são incompatíveis.
Isto é, a compreensão científica não anula a visão religiosa e nem
esta elimina aquela.
Ultimato - O que é evolução?
Douglas - A evolução, como é entendida popularmente, é algo bastante
complexo e abrange diversos conceitos. Pode se referir aos seguintes
processos: a) evolução inorgânica (Gamow) - versa sobre a formação do
nosso mundo físico, as estrelas, inclusive o sol e seus planetas, e as
galáxias; inclui uma explicação para a formação dos elementos a partir
de partículas elementares; também chamada de Teoria do Big Bang; b)
evolução da vida (Oprain) - procura descrever processos de obter vida
a partir de materiais inanimados; c) evolução orgânica (Darwin) -
descreve as mudanças em seres vivos que abrangem desde pequenas
diferenças entre indivíduos (irmãos e irmãs) até grandes diferenças,
como o desenvolvimento de uma nova espécie; os processos seriam
aleatórios e a seleção, baseada na sobrevivência do mais forte; d)
evolução filosófica (Huxley) - considera a evolução orgânica como um
fato já estabelecido e aplica essas idéias nas áreas de história,
ética e religião; e) evolução sócio-cultural (Morgan) - aplica as
idéias de evolução orgânica nas ciências sociais, como a psicologia e
a antropologia. Evidentemente, há uma necessidade de se especificar
cuidadosamente que tipo de evolução está se discutindo.
Lane - Evolução pode ser entendido como um processo de desenvolvimento
biológico que ocorre na natureza. O termo, contudo, assume um
significado específico quando se discute a origem da vida. Neste caso,
evolução é usado para descrever o surgimento de espécies a partir de
células. Uma outra maneira de definir evolução diz respeito à formação
do universo (os planetas e os astros), cuja origem tem sido atribuída
ao Big Bang.
Ultimato - A evolução é uma lei, uma teoria ou um mito?
Douglas - Estes termos são usados com sentidos variados na prática
comum. Se entender por mito algo proposto que não tenha uma base
firme, as evoluções filosófica e sócio-cultural são candidatas a aí se
enquadrarem, por serem uma extrapolação de idéias da evolução orgânica
para outros campos da ciência. Se entender uma teoria por hipótese, ou
explicação tentativa, que ainda não foi adequadamente demonstrada, a
evolução orgânica seria uma possibilidade, uma vez que o movimento de
Desenho Inteligente levanta sérias dúvidas a respeito do
desenvolvimento de seres vivos por mecanismos envolvendo apenas o
acaso. Se entender por lei uma teoria que já passou por todos os
testes aplicados, sugiro enquadrar aí a evolução inorgânica, pelas
provas aferidas de estudos sobre a radiação de fundo.
Lane - A evolução, enquanto descrição do processo de desenvolvimento
da natureza, é uma lei natural. Mas, no que diz respeito à origem do
universo, é uma teoria da ciência que se baseia em certas evidências
aceitas cientificamente. Para exemplificar: o relato da criação na
Bíblia afirma que todas as coisas foram criadas a partir da fala de
Deus. Deus ordenou e aconteceu. Entretanto, nem tudo foi criado do
nada. Os seres viventes (animais domésticos, répteis e animais
selváticos) foram criados da terra: "Disse também Deus: Produza a
terra seres viventes, conforme a sua espécie" (Gn 1.24). O mesmo
ocorreu com as ervas (Gn 1.11) e com o próprio ser humano. Deus o
criou conforme sua imagem (Gn 1.27) e, no que diz respeito à matéria,
criou-o do pó da terra, de modo que "o homem passou a ser alma
vivente" (Gn 2.7). A palavra homem, no hebraico, é adam e terra, é
adamah, que é o substantivo feminino de adam. O adam veio do adamah. O
ato criativo de Deus para estes seres se deu não de modo imediato, mas
mediato, isto é, Deus usou meios naturais para criá-los. A ciência,
naturalmente, não aceita a ação divina nesse processo.
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Uma das pedras fundamentais da filosofia evolucionista é o
naturalismo. Da matéria inanimada ao primeiro ser vivo unicelular, e
deste à multiplicidade de formas em que a vida hoje se apresenta, tudo
pode ser explicado em termos estritamente naturais. A seleção natural
e as mutações são, por si sós, suficientes para explicar todo o
universo, o que inclui também a presença da vida em nosso planeta.
Essa ótica confere ao evolucionismo um caráter ateísta em sua
essência. Veja, por exemplo, o que disse o biólogo Julian Huxley
quando teve o privilégio de ser o orador principal das festividades de
comemoração do centenário da publicação do livro de Darwin, em 1959,
na Universidade de Chicago:
"No sistema evolucionista de pensamento não há mais necessidade ou
lugar para o sobrenatural. A Terra não foi criada, mas evoluiu. Assim
ocorreu com todos os animais e plantas que a povoam, incluindo nossos
egos, mente e alma, bem como o cérebro e o corpo. Desse modo evoluiu
também a religião. O homem assim evoluído não pode mais se refugiar de
sua solidão procurando abrigo nos braços de uma figura de pai
divinizada que ele mesmo criou." Huxley, J., Associated Press
Dispatch, Novembro 27, 1959.
Darwin, na verdade, pretendia apenas explicar a origem das espécies a
partir de vida pré-existente. Sua teoria, porém, acabou por
transcender os limites da Biologia, disseminando-se por todos os
campos do conhecimento. Assim, não foi difícil imaginar que a religião
bem poderia ser invenção da mente humana; que o homem é que havia
criado o Criador quando, ao emergir de sua forma ancestral, percebeu
que estava só em um universo tão fantasticamente grande e sentiu um
misto de medo e solidão.
Eis porque afirmamos que a teoria da evolução conduz ao ateísmo e,
consequentemente, ao materialismo. Observe este mesmo ponto de vista
na opinião do evolucionista Francisco Ayala:
"A evolução biológica pode, entretanto, ser explicada sem recurso a um
Criador, ou a um agente de planejamento externo aos próprios
organismos. Não há evidência, também, de qualquer força vital ou
energia imanente, dirigindo o processo da evolução para a produção de
tipos específicos de organismos." Ayala, F.J., "Biology as an
Autonomous Science" American Scientist, Vol. 56, Maio 1968, p. 213.
Não se iluda: um evolucionista pode até crer em Deus, mas isto é
absolutamente desnecessário. Em substituição à crença na existência de
um Criador, o sistema evolucionista recorre à crença na existência
eterna da matéria e em sua suposta capacidade de se auto-organizar e
atingir níveis de organização cada vez mais complexos. Neste contexto,
só conta mesmo a evolução!
Vemos, portanto, que o sistema evolucionista de pensamento nos conduz
a um universo auto-suficiente em que leis inatas causam um contínuo
desenvolvimento na direção de estruturas mais organizadas. Nele,
partículas teriam evoluído naturalmente para elementos, e estes para
os mais variados complexos químicos que, a seu tempo, teriam dado
origem aos primeiros seres vivos. A partir daí, os organismos vivos
teriam se tornado mais e mais complexos, culminando com o aparecimento
do homem, o mais refinado produto da evolução.
Isso, obviamente, nos induz a uma visão estritamente materialista do
mundo e deveria, por si só, para todos os que crêem no Criador, se
constituir em uma boa indicação de que este não é o modelo correto das
origens. A falta de um Ser superior provoca, cedo ou tarde, uma
contestação sistemática de todos os valores existentes. Absolutos
deixam de existir e o fim é o desrespeito à ordem pré-estabelecida.
Ao explicar todas as facetas do universo através de meios naturais o
evolucionismo não deixa espaço para o sobrenatural, o que torna a
figura do Criador obsoleta. Nenhum sistema poderia, nesse particular,
ser mais agressivo. O ensino evolucionista tem início nas escolas de
primeiro grau, com crianças que obviamente não têm maturidade para
questionar o que lhes está sendo ensinado. Esta ação é também a mais
abrangente em seu confronto com a fé cristã porque atinge todas as
gerações de seres humanos, onde quer que estejam, a partir dos bancos
escolares.
É bem possível que, ao relegar a segundo plano questões relativas ao
estudo das origens, muitos de nós estejam pensando que esta
controvérsia não nos diz respeito. A verdade, porém, é que o que
pensamos a nosso respeito, o modo como nos comportamos no presente,
bem como o que esperamos do futuro, tudo isso tem muito a ver com o
que pensamos acerca das nossas origens.
A teoria da evolução tem conduzido milhões, se não ao ateísmo, pelo
menos a um Deus inoperante. Muitos dos problemas que hoje nos afligem
são, em grande parte, a consequência de uma sociedade inteiramente
impregnada da filosofia evolucionista, onde cada geração aprende,
desde os primeiros anos de infância, ser o milagre da vida um mero
produto do acaso, o Criador apenas um mito e a evolução a única
realidade.
A compreensão científica não anula a visão religiosa nem esta elimina
aquela O 140º aniversário da publicação do livro Sobre a origem das
espécies por meio da seleção natural, de Charles Darwin, agora em
novembro, a reconstrução facial de Luzia, o crânio da mulher mais
antiga do Brasil, e a renovação da disputa entre criacionismo e
evolucionismo no Estado americano de Kansas trazem à tona a gloriosa
história da criação. Ultimato se reuniu em Campinas, SP, com o físico
Ross Alan Douglas e com o biblista Willian Lacy Lane para programar a
presente entrevista. Ross Douglas, canadense naturalizado brasileiro,
66 anos, PhD em física pela Universidade de Winsconsin, é professor
aposentado da UNICAMP e vice-presidente da Aliança Bíblia
Universitária (ABU). Willian Lane, brasileiro descendente de
missionários americanos, 36 anos, mestre em teologia pelo Calvin
Theological Seminary (especialização em Antigo Testamento), é
professor de hebraico e diretor do Seminário Presbiteriano do Sul, em
Campinas.
Ultimato - Existe conflito entre ciência e religião?
Douglas - Acreditamos que existe uma verdade objetiva que pode ser
conhecida em parte por meio do cristianismo, mas também da ciência.
Toda verdade é a verdade de Deus, quer venha do estudo da natureza,
quer venha da revelação de Deus. A história revela muitos conflitos,
de maneira que a situação tem sido como uma guerra. Entretanto, um
exame mais aprofundado mostra que muitas dessas diferenças são apenas
aparentes, sendo o resultado de extrapolações injustificadas e
interpretações inadequadas. Sinto que, ao invés de guerra, a
complementação mútua seria uma melhor maneira de ilustrar esta
relação.
Lane - Há um conflito aparente quando se observa os pressupostos de
cada lado. A religião cristã, pelo menos, afirma ser Deus o criador do
universo e aceita em geral a cronologia bíblica como verdadeira. A
ciência, por outro lado, tende a anular qualquer causa externa à
natureza (ao mundo material) para origem e desenvolvimento do
universo. Entretanto, isso não significa dizer que são incompatíveis.
Isto é, a compreensão científica não anula a visão religiosa e nem
esta elimina aquela.
Ultimato - O que é evolução?
Douglas - A evolução, como é entendida popularmente, é algo bastante
complexo e abrange diversos conceitos. Pode se referir aos seguintes
processos: a) evolução inorgânica (Gamow) - versa sobre a formação do
nosso mundo físico, as estrelas, inclusive o sol e seus planetas, e as
galáxias; inclui uma explicação para a formação dos elementos a partir
de partículas elementares; também chamada de Teoria do Big Bang; b)
evolução da vida (Oprain) - procura descrever processos de obter vida
a partir de materiais inanimados; c) evolução orgânica (Darwin) -
descreve as mudanças em seres vivos que abrangem desde pequenas
diferenças entre indivíduos (irmãos e irmãs) até grandes diferenças,
como o desenvolvimento de uma nova espécie; os processos seriam
aleatórios e a seleção, baseada na sobrevivência do mais forte; d)
evolução filosófica (Huxley) - considera a evolução orgânica como um
fato já estabelecido e aplica essas idéias nas áreas de história,
ética e religião; e) evolução sócio-cultural (Morgan) - aplica as
idéias de evolução orgânica nas ciências sociais, como a psicologia e
a antropologia. Evidentemente, há uma necessidade de se especificar
cuidadosamente que tipo de evolução está se discutindo.
Lane - Evolução pode ser entendido como um processo de desenvolvimento
biológico que ocorre na natureza. O termo, contudo, assume um
significado específico quando se discute a origem da vida. Neste caso,
evolução é usado para descrever o surgimento de espécies a partir de
células. Uma outra maneira de definir evolução diz respeito à formação
do universo (os planetas e os astros), cuja origem tem sido atribuída
ao Big Bang.
Ultimato - A evolução é uma lei, uma teoria ou um mito?
Douglas - Estes termos são usados com sentidos variados na prática
comum. Se entender por mito algo proposto que não tenha uma base
firme, as evoluções filosófica e sócio-cultural são candidatas a aí se
enquadrarem, por serem uma extrapolação de idéias da evolução orgânica
para outros campos da ciência. Se entender uma teoria por hipótese, ou
explicação tentativa, que ainda não foi adequadamente demonstrada, a
evolução orgânica seria uma possibilidade, uma vez que o movimento de
Desenho Inteligente levanta sérias dúvidas a respeito do
desenvolvimento de seres vivos por mecanismos envolvendo apenas o
acaso. Se entender por lei uma teoria que já passou por todos os
testes aplicados, sugiro enquadrar aí a evolução inorgânica, pelas
provas aferidas de estudos sobre a radiação de fundo.
Lane - A evolução, enquanto descrição do processo de desenvolvimento
da natureza, é uma lei natural. Mas, no que diz respeito à origem do
universo, é uma teoria da ciência que se baseia em certas evidências
aceitas cientificamente. Para exemplificar: o relato da criação na
Bíblia afirma que todas as coisas foram criadas a partir da fala de
Deus. Deus ordenou e aconteceu. Entretanto, nem tudo foi criado do
nada. Os seres viventes (animais domésticos, répteis e animais
selváticos) foram criados da terra: "Disse também Deus: Produza a
terra seres viventes, conforme a sua espécie" (Gn 1.24). O mesmo
ocorreu com as ervas (Gn 1.11) e com o próprio ser humano. Deus o
criou conforme sua imagem (Gn 1.27) e, no que diz respeito à matéria,
criou-o do pó da terra, de modo que "o homem passou a ser alma
vivente" (Gn 2.7). A palavra homem, no hebraico, é adam e terra, é
adamah, que é o substantivo feminino de adam. O adam veio do adamah. O
ato criativo de Deus para estes seres se deu não de modo imediato, mas
mediato, isto é, Deus usou meios naturais para criá-los. A ciência,
naturalmente, não aceita a ação divina nesse processo.
segue...