Respeito muito, mas discordo de parte considerável da opinião analítica do jornalista EUGÊNIO BUCCI (Professor da ECA-USP) a respeito do polêmico livro (do qual discordo ainda mais) que acaba de ser lançado no Brasil, "O Culto do Amador", de ANDREW KEEN -(Rio de Janeiro:Zahar), transcrita na grande mídia nacional. Creio que o autor deste livro possa ter escrito para uma nação da qual ele faça parte ou para a qual ele queira a tradução, mas para o Brasil- definitivamente não foi. No mínimo, ele desconhece as entranhas dos bastidores do poder das concessões públicas praticadas por aqui com os meios de comunicação; talvez só tenha vaga lembrança, suponho, de que essa nação ainda em maturação com a sua democracia foi às ruas com as caras pintadas e forçou a derrubada de um presidente- sem apresentar um só mão armada (existem correntes que afirmam ter havido manipulação da mídia sobre a massa para que esse evento acontecesse, mas se isso definitivamente tiver ocorrido -ainda que subliminarmente- empobrece ainda mais a visão do escritor e a do jornalista), então não me venham com essa. E se for conveniente que me acusem de estar legislando em causa própria, por que já me acostumei com isso e hoje compreendo melhor que ao buscar a liberdade, alguns insistem em taxar de personalismo.
NO LIVRO
Já peca no subtítulo: "Como blogs, MySpace, YouTube, e a pirataria digital estão destruindo a nossa economia, cultura e valores".
Trecho do Comentário analítico do Jornalista
Para Keen, a internet promoveu os amadores- em música, cinema, educação, jornalismo, saúde, etc. -à condição de donos da verdade. Por isso seria destrutiva. Há que se conceder que o autor se fundamenta em fatos. Relata, por exemplo, a agonia de jornais impressos, que enfrentam dificuldades sem precedentes diante da oferta esmagadora de "informações" na rede. "Informações" entre aspas, bem entendido. Produzidas por gente que a gente nunca sabe direito quem é, elas tem credibilidade nula. Mesmo assim, as vezes, "colam" e viram "verdade" por alguns dias. Enquanto isso, as redações tradicionais encolhem, cambaleantes, em sucessivas ondas de demissões...Em sua ira, chega a comparar os blogueiros a primatas -isso mesmo, a macacos- dotados de computadores". Segue...
OPINIÃO
O jornalista se considera, mesmo tendo acesso à todos os recursos da informática, um excluído digital, e quanto a isso -por ser uma constatação de ordem pessoal- não opino. Porém, creio ser razoável considerar que as redações dos grandes jornais impressos (citados pelo autor) também passam pelo crivo de uma análise que, em tese, pode estar sobrecarregada de outros interesses- que terminam por disvirtuar a informação em seu resultado final. Isso não é novidade para ninguém. Os grandes jornais, que tanto defendem, salvo honrosas partículas, também praticam o exercício de dependência econômica e intelectual. Por fim, á muito o que se dizer, a liberdade de expressão não traz a obrigatoriedade da leitura, por isso sou francamente favorável que, por mais porcaria e lixo que haja nos meios de comunicação alternativos, é bem melhor permiti-los que qualquer censura, até por que um texto pode ter várias interpretações; ou seja, o que é ruim para um acaba servindo para outro. pensar diferente disso é retroceder, é ser antidemocrático.
Desculpem, mas precisava desabafar, e já adianto que não fugirei ao debate sobre esse tema, se me for formulado tal convite.
09/04/09
14h48min.