Reconheço o esforço jornalístico da importante revista 'Horizonte Geográfico' (edição n° 137) com as questões ambientais e a sustentabilidade das ações em nosso meio -óbvio. Todavia,
ouso em acusar falta de compromisso da matéria -com outras abordagens
sobre o assunto, muito bem escrita pela jornalista NATÁLIA MARTINO, diga-se de passagem, sob o título:_"No limite da irresponsabilidade" (ênfase/subtítulo:_"A pesca excessiva está colocando em risco não apenas o equilíbrio da fauna marinha, mas o bem estar do planeta inteiro"). De cara, levanto uma suspeita:_A
que interesse atende de fato esta matéria, quando extrai somente da
pesca todo embasamento para declarar que a atividade está pondo em risco
o bem estar do planeta inteiro? Chuta que é macumba. Alto lá! Eu os convido à leitura (o título acima é o link da matéria, basta clicar sobre).
Ora, deixo algumas perguntas para resumir
um pouco de minha contraposição:
a) Por que a matéria não fez levantamento sobre o impacto das muitas perfurações de sondas sobre o fundo de nossos oceanos?
b) Por
que a matéria não ouviu especialistas em engenharia e oceanografia,
entre outras ciências, sobre os impactos gerados pela intensa
movimentação de embarcações de grande porte no apoio de offshore às
operações petrolíferas?
c)
Por que a matéria não foi dialogar com a comunidade científica e
conhecer um pouco os muitos estudos e pesquisas existentes sobre
impactos ambientais ocorridos por construções que avançaram de nossos
costões rochosos para o mar?
d)
Por que a matéria não se dedicou a conhecer a quantidade de dragagens
efetuadas Brasil à fora para atender a demanda expansionista da economia
brasileira, com construções novas, ampliações de portos, construção de
navios e plataformas -e seus impactos?
e)
Por que a matéria não declinou sobre um levantamento criterioso sobre
os muitos incidentes ambientais acontecidos em nosso espaço marítimo,
como derramamento de óleo? Neste foco, outro dado que deve ser discutido
e analisado são as muitas multas aplicadas sobre tais infrações -e uma
busca sobre seu devido retorno na reparação dos danos causados ao meio
ambiente onde ocorreram os sinistros. Pergunto: Por que não?
E mais...
Me
parece ter sido mais fácil ouvir meia-dúzia de profissionais e atacar
veladamente o setor mais frágil dessa cadeia produtiva -a pesca. Não
estou aqui me furtando ao reconhecimento de que é preciso haver mexidas
no modelo de captura do pescado, principalmente sobre o que se dá no
fundo de nossas baías; todavia, daí a jogar nas costas dos pescadores a
responsabilidade pelo bem estar do planeta...espera aí. Como bem diz a matéria, os dois principais programas atuais de estímulo à indústria pesqueira
são o Programa Nacional de Financiamento e Modernização da Frota
Pesqueira Nacional (Profrota Pesqueira), que facilita o acesso ao
crédito para financiar a aquisição, a construção e a compra de
equipamentos para as embarcações; e o Programa de Subvenção ao Óleo
Diesel, que subsidia a compra desse combustível. Mas, a
jornalista não procurou saber as garantias que são exigidas do pescador
para o acesso ao financiamento do Profrota -que é excludente em sua
essência; nem procurou saber a fórmula mágica que atende aos grandes
sindicatos estaduais para o pequeno pescador poder acessar a Subvenção
do Óleo Diesel, além da má vontade dos Secretários de Fazenda dos Estados, com essa pechincha. Em outro trecho da extensa e boa matéria, a narrativa diz que, mergulhar
com tranquilidade entre tartarugas e corais na região de
Angra dos Reis e assistir, de um ponto de vista privilegiado, à
exuberância da fauna marinha da região foi possível graças à
transformação da área na Reserva Biológica da Ilha Grande. Lêdo engano, a
coisa não se deu por conta disso -a história é totalmente outra, que
abordarei em um capítulo específico. Por esses eventos, digo com
convicção que mais prejudicial que a pesca para o planeta -como disse a
jornalista, é a omissão que ela se permite sobre vários outros pontos
desta prosa.
-
01h16min. - adelsonpimenta@ig.com.br
Nenhum comentário:
Postar um comentário