quarta-feira, 16 de janeiro de 2013

O DESAFIO DE SE OPOR

Um cometimento de equívoco que boa parte dos aficionados pelo jogo político não hesita em suas estratégias, em meu modesto entendimento, é na forma de se opor. Há que se extrair aprendizado. O eleitor já conheceu, por exemplo, a oposição raivosa, colérica, que mata adversários, literalmente. Depois, com o amadurecimento do processo, passamos a ver também uma oposição mais incisiva, porém inconsequente, dizendo 'não' a tudo o que seja originado no governo, seja ele qual for. Avançamos com outra mentalidade, mas não sem equacionar totalmente os modos anteriores, e ganhamos uma oposição que investiga, pesquisa e oferece denúncias aos órgãos judiciais, em boa parte das vezes com teses que mais ensejam intervenções sobre os investimentos procedidos pela máquina pública que a busca necessária da qualidade naquilo que está sendo feito pelo governante; neste caso, há mais exceções que nos outros. Mas, afinal, há um modelo adequado de oposição? 
Creio eu que a obrigação de quem se propõe à vida pública deve ser uma só, o conteúdo sob a chancela da lisura e da probidade. Tanto faz se governo ou se oposição, o que se espera é qualidade na representação política outorgada pelo voto. A lógica, infelizmente, talvez, seja o que mais se encontra desidratada. A política de mercado é capitalista em sua essência e a política de Estado, por mais que calce sandálias de socialismo, não se sobrepõe as pisaduras do capital. Mas, se é que querem saber, num local como o Brasil onde brota um novo partido político a cada desavença entre dois lideres de uma mesma legenda, não há ciência política que consiga definir quais destes se mantém fieis as suas bandeiras ideológicas, se de esquerda ou direita, de de centro, se capitalista, socialista ou comunista, enfim. Questionar não é um valor sumulado, mas empírico, todavia, propor deve também ser uma ação abraçada como meta. Mas, veja, a proposição que trato vai além das inserções discursivas, tem moradia no campo das pesquisas. A estrutura não é por óbvio a mesma de quem governa, mas até esse desenho financeiro dos Fundos Partidários precisam de uma reavaliação, eles nunca chegam nos diretórios municipais, onde de fato está a raiz de toda discussão. Ser o aferidor dos anseios da sociedade sobre a coisa pública e tratar isso sem o imediatismo da próxima eleição, creio, é o desafio de se opor. Esse debate não se esgota aqui. Não deve, nem tem como.
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11h59min.    -     adelsonpimenta@ig.com.br

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