terça-feira, 12 de março de 2013

COLETIVA OU PALANQUE? A PREFEITA DE ANGRA NÃO DESCE

Participei da entrevista coletiva promovida pela prefeitura de Angra para falar sobre a epidemia de dengue e a situação crítica da saúde na cidade. E tive que concordar com o amigo Adelson Pimenta: a prefeita Conceição Rabha ainda parece estar no palanque e não a frente de uma prefeitura com um dos maiores orçamentos do estado. No mesmo ritmo foi o presidente da Fundação de Saúde de Angra dos Reis. Com um discurso bem ensaiado, ambos colocaram na conta do ex-prefeito Tuca Jordão a maioria dos problemas pelos quais passa a saúde no município.

No caso da epidemia de dengue, Vasconcellos foi enfático ao dizer que a grande quantidade de lixo e entulho, além das chuvas de janeiro, foram as causas do problema. Mas aí surge a dúvida: será que estes também foram os causadores da epidemia nas demais cidades do estado? Vale lembrar que Angra já passou por situações parecidas com a coleta de lixo e entulho normalizada. Mas como a ordem é colocar a culpa no Tuca, nem o nome do mosquito transmissor da dengue foi citado, uma vez sequer, na coletiva.

E assim foi também quando a pauta mudou para os probemas na saúde. A falta de médicos na UPA? Culpa do Tuca! Ambulância do SAMU parada? Culpa do Tuca! Falta de médicos nos postos de saúde? Bom, já deu para entender, não é? Mas justiça seja feita, quando o assunto foi a falta de pediatras, a culpa não foi do Tuca - como no período de campanha. Como agora quem detém a caneta e tem o poder de resolver as questões mudou, mudou também o discurso. O problema agora é do país, que não se preparou para o "boom" da saúde pelo qual o Brasil passa, palavras do doutor Carlos Vasconcelos.

Mas Conceição voltou à carga: "O orçamento de 2013, estimado em 933 milhões, não é real e ficará bastante abaixo da expectativa. Assim, não poderemos destinar os 190 milhões programados para a saúde este ano", disse a prefeita. Os números não são o forte da alcaide, que já foi desmentida, inclusive, por seu controlador-geral. Enquanto ela afirmava que a dívida do município ultrapassava os R$ 100 milhões, ele disse na Câmara que o número correto é de R$ 62 milhões. Como o orçamento é uma peça fictícia, montada em cima de estimativas, a nova afirmação da prefeita pode ter sido, mais uma vez, precipitada.

De certo mesmo é que "vão ser seis meses de muito sufoco e de muita reclamação. Mas depois que fizermos a nossa licitação vocês poderão me cobrar uma saúde melhor", disse Conceição Rabha se referindo a questão dos insumos - materiais de utilização rotineira nas unidades de saúde - e às condições estruturais para a prestação dos serviços. Outra promessa para o futuro é o início do funcionamento do Hospital da Japuíba a partir de junho. "Não vou dizer que vai ter inauguração com bolo, banda de música e corte de fita, mas em junho já vai ter alguma coisinha lá", disse em tom sarcástico o presidente da Fusar ao ser indagado sobre a data da inauguração da nova unidade.

Sobre a promessa de campanha - a criação das policlínicas em vários bairros da cidade - nem um pio.

Jesiel Ferreira Lucas
Jornalista, foi subsecretário de Comunicação da Prefeitura de Angra, repórter da TV Câmara, radialista da Rádio Angra AM e âncora do programa Interativo da Master TV (Net/Angra)
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07h52min.      -     adelsonpimenta@ig.com.br

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