sexta-feira, 5 de julho de 2013

INSTABILIDADE POLÍTICA EM ANGRA

Não andam boas as coisas para dois dos principais protagonistas dos embates eleitorais mais recentes em Angra

A prefeita Conceição Rabha enfrenta turbulências importantes em seu governo. Vencido o primeiro  semestre, nenhuma notícia que fizesse a diferença, nenhum anúncio oficial que aluda a propagada e apalavrada "mudança", além de manifestações pipocando em vários lados, mas, fundamentalmente, ela se vê desgastada com os servidores públicos - tradicionalmente aliados do PT em sua maioria. A atual direção do Sinspmar foi eleita em substituição a antiga, com desconfianças de certo alinhamento com a prefeita, e agora é esta mesma diretoria que lhe cobra mais que a fatura de um apoio institucional, uma política de valorização salarial da categoria. Mas, o tempo ruim não se limita a isso, há outros agravantes de gestão que também mexem com o imaginário coletivo e deixam o Governo fragilizado politicamente. Tenho escrito nesta página sobre os desafios fiscais e financeiros da Prefeitura. A prefeita precisa dar uma resposta mais incisiva e menos discursiva ao público, e talvez isso não ocorra se não mexer substancialmente em seu staff gerencial. Com o apitaço dos servidores públicos ela já começa a ouvir um som diferente do começo do governo e com o qual terá de se acostumar se não fizer "diferente", e não são aplausos. Há quitações trabalhistas pendentes, denúncia de contrato de lixo no MP, pedido de CPI na Câmara estrangulado pela força dos governistas, Hospital da Japuíba municipalizado e sem nenhuma utilização e com equipamentos com garantia vencendo, enfim, a tormenta não cessa, carece de gestão eficaz, resolutiva.

O ex-prefeito da cidade e hoje deputado federal, Fernando Jordão, considerado o líder principal do PMDB na região da Costa Verde fluminense, que, em tese, seria quem devia estar nadando de braçada nesse momento e se opondo com qualidade, também enfrenta seus dissabores. Recentemente teve uma Decisão Judicial de 1° instância em seu favor revisada em 2° instância em seu desfavor. Cabe recurso. Mas, os seus adversários que não tem nada com isso, põem lenha na fogueira - e ele acusou o golpe. Neste blog eu publiquei uma 'Nota' do deputado que visa esclarecer esse processo em que a imprensa local teria se adiantado em colocá-lo na condição eleitoral de inelegibilidade. Sua investida pela reeleição é ponto considerado fundamental para suas pretensões eleitorais municipais. Na Câmara, composta por uma maioria que saiu de sua base de apoio na campanha, a história já mudou e seus "aliados" não se opõem, são governistas e garantem sustentação ao Governo, exceto o PCdoB. Mas, também não dá para contar com esse partido que visivelmente faz leituras de cenário e ensaia futuros voos próprios à majoritária, e, talvez, por isso tente ocupar o espaço não exercido na prática por Fernando - o da oposição.

Tanto Ela como Ele sabem o tamanho que já conseguiram, mas não podem afirmar sequer em números sugestivos o tamanho em que podem chegar doravante. Há nas ruas um clamor popular forte e consciente que grita a exigência de mais respeito, de uma política feita de forma mais plural e transparente, que reclama por mais qualidade nos serviços públicos prestados, que assume o comando do seu próprio voto. Nesse sentido, é difícil prever o que acontecerá nas próximas eleições, mas é certo que a fogueira das vaidades ficou com suas chamas abrandadas pelo assopro das ruas. Desde as últimas duas eleições municipais que o resultado das urnas mostra que, mesmo tendo de disputar entre candidatos que se polarizam, o eleitor demonstra insatisfação com a falta de mais opções. A quantidade de votos brancos, nulos e abstenções foi alta. O monitoramento que faço das redes sociais mostra que há uma estafa natural nessa disputa entre ambos - e não só eles, mas os partidos políticos também  ficam com a obrigação de se reciclarem, sob pena de conhecerem ainda maior rejeição do eleitor nas urnas.

Por fim, além das agremiações partidárias e suas lideranças terem de garimpar novos quadros, atrair essa juventude que faz as ruas borbulharem de novos sonhos, de utopias esquecidas pelos saudosos idealistas, os dois principais atores dessa disputa dos últimos capítulos eleitorais de Angra precisam resolver suas pendências, que os fragilizam eleitoralmente de forma natural - e que apressa esse processo de desgaste, se comparado com o momento pelo qual passa o país. Há discussão pela criação de novos partidos dentre os muitos já existentes, principalmente pelas lideranças de Marina Silva e também do Paulinho da Força, mas se engana quem lê nisso a salvação das coisas, o arrebatamento dos sonhos dessa gente toda que está indo às ruas. Em Angra, não sendo diferente da maior parte do Brasil, o povo tende a oxigenar àquilo que o político não consegue.
É o jogo!
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10h27min.     -    adelsonpimenta@ig.com.br

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