sexta-feira, 23 de agosto de 2013

ANGRA: RELAÇÃO INSTITUCIONAL SOB FOGO CRUZADO


No tabuleiro do jogo político em Angra, ao que parece, todos estão na trincheira, cada um usando um tipo de munição própria - e o tiroteio não passa desapercebidamente pelo olhar da sociedade, afinal, mais que discussões entre os que exercem mandato eletivo está o interesse público. O jornalista angrense Jesiel Ferreira acaba de publicar em sua página no Facebook uma observação detalhada desse momento vivido pelo Governo do PT na cidade e diz que o secretário de Governo, Neiróbis Nagae, passou recibo numa entrevista concedida há pouco numa emissora de rádio local, quando disse que não entendia as razões pelo distanciamento da base de sustentação parlamentar na Câmara Municipal com o Poder Executivo. Ele se referia a deliberação da Casa em que duas matérias de interesse direto do Governo foram rejeitadas, sobre os mototaxistas e a redução de vezes no uso do cartão Passageiro Cidadão. Não foi só a votação, foram as manobras amparadas no Regimento Interno, o cochilo de quem lidera o processo, a falta de diálogo prévio, a ausência de uma articulação política , enfim, foi, no sentido ilustrativo da palavra, tiro pra todo lado.

Isso implica numa leitura política um pouco mais aprofundada. Sob a batuta da prefeita Conceição Rabha, o vereador Jorge Eduardo foi eleito à presidência da Câmara, mas, no vacilo de sua bancada, o comando das principais Comissões foi loteado por gente "de fora". Sob a liderança de Governo da vereadora Lia, terminou sendo o vereador Carlinhos Santo Antonio quem puxou o bonde nas matérias de interesse da Prefeitura, o que, convenhamos, desidratou bastante a chancela política e institucional dessa liderança, que, colocada então em xeque a relação e a autonomia para alinhavar e fazer cumprir os acordos, o vereador Helinho do Sindicato migrou definitivamente para compor a oposição com o então solitário José Antonio. Quando o vereador Jairo Magno ensaiava um discurso independente, seu partido - o PRB, tendo à mesa o Senador suplente de Crivella, fechou com o Governo. Jairo não se deu por enquadrado e seu posicionamento hoje é de ainda mais independência - inclusive em relação ao que assegurou a presidente local de sua legenda - de que o partido era governista. Outro que se abalroou com a prefeita foi o vereador Thimóteo - e está com um pé na oposição. 

O PT precisa governar e a prefeita imprimir sua digital, fundamentalmente calcada em medidas que garantam o sentimento de "mudança" prometida na campanha, mas, ela precisa garantir as condições mínimas de governabilidade. Para isso, ela terá que mexer em sua equipe - dar mais qualidade nas escolhas, talvez fazer uma pequena reforma organizacional; sanar pendências contratuais e reduzir custos, além de tomar iniciativas administrativas que lhe garantam fôlego orçamentário para que tenha mais lastro para os investimentos, entre outras coisas, mas não pode abrir mão de fazer política. Seus adversários não dormem e ela foi eleita com minoria no Legislativo, portanto, é um processo de construção. Ainda pairam dúvidas quanto a sua condição eleitoral no TRE, já que o MP deu Parecer favorável à cassação de seu diploma num dos processos a que responde. Não há como negar que isso termina mexendo com o consciente dos jogadores sobre esse tabuleiro também. O Governo é sempre um elo forte nessa relação, mas, penso eu, não é sob fogo cruzado que se conseguirá o diálogo necessário. Alguém precisa ser credenciado pela primeira mandatária da cidade para propor que as armas sejam deixadas de lado, que cessem os tiros e que a prosa política e institucional seja retomada.
É o jogo!
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11h34min.     -       adelsonpimenta@ig.com.br   

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