Não haveria de ser diferente, a história só se repete - é a busca incessante pelo poder, infelizmente. Segundo alguns vereadores e assessores destes, com os quais tenho conversado um pouco mais ultimamente, está ficando cada vez mais evidente as disputas internas do PT no Governo de Angra. Não obstante, embora não digam publicamente, até neguem se forem perguntados, essa sanha já alcança inclusive a bancada do partido na Câmara.
A questão já teria sido levantada e percebida, quando se formou o chamado governo de coalizão, no que a prefeita da cidade, Conceição Rabha, bancou a entrada de nomes indicados pelos partidos que fizeram parte de sua aliança vencedora, mesmo ouvindo de gente de seu próprio meio que estes seriam partidos nanicos e com baixa densidade eleitoral nas urnas, logo, ao terem espaço no primeiro escalão estariam com suas condições políticas superestimadas pelo Governo. Ela bancou o acordo, e o resultado foi um ano de muitas dificuldades administrativas, com muitos discursos pessimistas e pouco resultado prático.
Percebendo e monitorando o calor das ruas, a Prefeita fez mexidas para dar uma sacudida, num claro sinal de reconhecimento das deficiências de parte de sua equipe. Nessa ação já ganhou a antipatia de muitos dos antigos aliados, mas, sabedora de que a fatura à ser cobrada eleitoralmente é a sua, principalmente, fez - e tentou a sorte. No entanto, ela terminou provocando os instintos mais primitivos de seus próprios correligionários petistas, quando substituiu o titular da Secretaria de Governo. É essa a percepção de todos.
Conforme dizem os vereadores, e os seus assessores em maior grau de liberdade, ao substituir o ex-prefeito Neiróbis Nagae, levando-o à Educação, pelo ex-Fazenda, Robson Marques, ela ganhou mais desenvoltura política e no relacionamento institucional com a Câmara, tanto que matérias vitais para o seu Governo naquele momento foram dialogadas e aprovadas no Legislativo - onde tem maioria, mas não solidificada; no entanto, ela abriu feridas internamente que estão difíceis de serem cicatrizadas, porque junto com a substituição dos quadros de primeiro escalão veio os do andar de baixo, o que tem gerado uma guerra silenciosa.
A palavra usada entre as pessoas com as quais tenho conversado é "fogo amigo", uma expressão conhecida no meio político. Há, segundo percepção dessas pessoas, uma velada investida, que consiste nas mais variadas e manjadas táticas de falsas acusações, fabricação de boatos, insurgências, fofocas construídas com ares de verdade, no sentido de manter o óleo quente nessa fritura. O principal alvo, segundo percebem os "aliados" é o novo Secretário de Governo, já que estaria obtendo bons resultados para o Governo e, com isso, há leituras de que pode ameaçar os espaços políticos dos que não seriam de seu grupo.
Na opinião dos vereadores - no que concordo, isso é um erro, pois é tudo o que a Prefeita menos precisa agora. A oposição também já detectou o começo dessa fissura interna e se achar o caminho, vai investir pesado no racha. Mas, se engana, creio eu, quem pensa que a Prefeita Conceição Rabha não percebe tais manobras. Ela faz, arrisco dizer, leitura semelhante a que fazem os vereadores, mas é ela quem remedia, enquanto outros jogam veneno. Se a ferida não cura, amputa-se o membro, antes que contamine o resto do corpo.
Lupa no caso.
É o jogo!
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