segunda-feira, 23 de junho de 2014

ANGRA: AS APOSTAS ELEITORAIS E O ELEITOR

Meu artigo na edição desta semana no prestigiado jornal '@ Voz da Costa Verde', que traz outras abordagens e reportagens exclusivas. Dê um confere, nas bancas e demais postos de distribuição.

Basta uma leitura simples sobre a forma como os eleitores se portaram nas três últimas eleições municipais em Angra dos Reis/RJ, por exemplo, para se conhecer a realidade do pensamento coletivo. Há uma crescente em absenteísmo, votos nulos e brancos. Já disse isso em outras oportunidades, e, de forma alguma, esse demonstrativo tira a legitimidade dos vencedores, não se trata disso. O fato é que com a lupa sobre essa observação, fica a certeza de que os partidos políticos precisam reciclar não só seus quadros, mas também a forma como tem se portado até aqui.  O eleitor tem feito mais filtros, tem sido cada vez mais exigente, e, por sua vez, mais seletivo. A eleição no Brasil tornou-se um desafio cada vez mais misterioso para os postulantes, e em Angra não é diferente.

O governo da cidade vai apoiar a candidatura de Leandro Silva (PDT) à ALERJ, no que suponho ser fruto de um acordo entre as partes, razão pela qual Leandro optou por ser o candidato a vice-prefeito de Conceição e não o de seu adversário no último pleito. Se elegê-lo, os méritos serão colhidos mais pelo candidato que pelos parceiros, afinal, é dele a voz e o andar pela candidatura; se este não for vencedor no pleito, será possível dividir a conta pelo insucesso com o governo, porque este está atuando eleitoralmente a seu favor - e a máquina é sempre o elo mais forte nesse cenário. Se o pedetista ganhar um assento na Assembléia Legislativa do Estado, fortalecerá o projeto de poder do grupo político a que pertence localmente - liderado pelo PT, e abrirá espaço para novas composições na formação da próxima chapa majoritária à Prefeitura; do contrário, criará um ambiente em que o PT provavelmente terá que fazer mais concessões que gostaria no governo aos aliados para tornar-se ainda mais competitivo na disputa da eleição de 2016. Os partidos não dialogam mais pela ideologia de suas bandeiras, mas por espaço na máquina pública, cada um quer seu quinhão. Chamam isso de coalizão.

O ex-deputado Fernando Jordão (PMDB), que labuta por uma Liminar no TSE que lhe garanta a condição de disputa nesta eleição para deputado federal, na condição de principal líder opositor do governo local, acaba de comunicar seu apoio à candidatura do vereador comunista José Antonio para deputado estadual. Um apoio considerável, reconheça-se, o que, em tese, aumenta e muito o poder de fogo dessa candidatura, mas também põe nas discussões do dia algumas outras variantes para análise. Ao assumir esse compromisso, José Antonio, se eleito, inflacionará o mercado de apostas locais para a eleição municipal de 2016, principalmente para o grupo político liderado pelo peemedebista. É um traçado natural no processo. Caso não ganhe, a fatura poderá ser debitada na conta de Fernando também, o que, em tese, porá em xeque seu discurso de maior transferidor de votos da região. Outra vertente é o fato de o PCdoB ter se aliado ao PT na disputa estadual, logo, Fernando apoia uma candidatura que será oposição, caso o vencedor seja o candidato de seu partido, Pezão para governador. Seria um ensaio de descida da legenda, futuramente?

Há outras apostas partidárias sendo alinhavadas localmente, por exemplo, com o PR sobre seus vereadores Claudinho e Sargento Thimóteo; com o PSD sobre o nome do vereador Chapinha. O ex-vereador Parente é o nome do PHS para disputar uma cadeira na ALERJ. Fora isso, há nomes como o do deputado estadual Gustavo Tutuca (PMDB), que é da região Sul Fluminense, intensificando suas relações com atores do meio político local, que também pretende ter votação expressiva na região da Costa Verde. Mas, o fato é que, independentemente de nomes, a tática de trabalho de cada partido e grupo político vai ficando cada vez mais evidentes, ou seja, mesmo indo à disputa com sonho de ganhar esta eleição, todos instintivamente só pensam naquilo - em 2016. A pergunta é: Quem ou qual forma de ação destes vai ganhar o coração do eleitor insatisfeito com a velha maneira de se fazer política? 
É o jogo
Foto: Google/stie: linguaportuguesauol
-
10h15min.     -     adelsonpimenta@ig.com

Nenhum comentário: