sexta-feira, 12 de setembro de 2014

O DESTEMPERO DO PRESIDENTE


Li no perfil do jornalista Jesiel Ferreira algo sobre o fato de o Presidente da Câmara de Angra/RJ, vereador Jorge Eduardo (PMDB) ter chamado de "babacas" àqueles que na internet falavam algo a seu respeito. Jesiel vestiu a carapuça porque havia feito uma postagem em tom crítico em relação a sua condução do Legislativo, e recebeu diversos comentários de outras pessoas que, em sua maioria, concordavam com sua postagem. 

Eu havia feito uma leitura política sobre as especulações para a eleição da próxima Mesa Diretora no dia anterior a postagem do jornalista. O contexto de ambos foi o mesmo, portanto, é possível que esse destempero do Presidente tenha meu endereço como destinatário também, mesmo que não tenham sido citados nomes. Somos, sob a visão de Jorge Eduardo, portanto, "babacas".

É tacanha a visão de quem, investido de um mandato eletivo, se utiliza de uma instituição que pertence a sociedade para atacar a outra pessoa, seja esta quem for. Piora ainda mais a situação quando isso ocorre naquilo que se supõe ser a resposta mais plausível do autor sobre o volume crítico que teve nas redes sociais, neste caso. Jorge Eduardo, com todo respeito que lhe tenho, perdeu oportunidades, como a de ficar em silêncio e não passar esse recibo, ou a de trazer à luz esclarecimentos firmes e sólidos sobre aquilo que fora dito e ele discordasse, que demonstrassem amadurecimento pessoal e temperança. 

Ninguém é obrigado a concordar com o que o outro pensa, é verdade, mas é preciso agir com civilidade. Jorge Eduardo não expressou seu sentimento numa página sua pessoal; ele usou a tribuna legislativa, logo, institucionalizou a verborragia. Postura errática do Presidente. 

A palavra "babaca", todavia, designa quem é palerma, imbecil ou tolo; mas, também se refere a quem é inocente ou ingênuo. Talvez sejamos o "babaca" que se encaixa na segunda parte das definições etimológicas. Sendo isso, é possível que as críticas tenham sido carinhosas, porque o buraco pode ser bem mais embaixo, e o que Jorge tenha tentado com essa expressão cunhada no desaforo e falta de respeito, tenha sido justamente a de tentar intimidar para que não se avolumem as pesquisas e críticas. Faz isso quem tem medo de descobertas.

Por fim, ao chamar as pessoas de "babaca", Jorge Eduardo, acaba dando pistas que mais escondem que revelam sobre sua gestão a frente do Poder Legislativo. É a velha mania de que a melhor defesa seja o ataque, o desmerecimento do mensageiro para tornar sem peso, crédito ou repercussão a sua mensagem. De um jeito ou de outro, o episódio é lamentável, já que a Câmara é uma instituição criada para o debate de idéias, para o escrutínio de interesse público, e não para servir de trincheira contra as pessoas, contra a sociedade que é provedora de seu funcionamento.
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11h25min.      -      adelsonpimenta@ig.com.br

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