quarta-feira, 10 de junho de 2015

SOBRE O POSSÍVEL PEDÁGIO EM ANGRA


Abri e li o pdf do Palácio do Planalto com o capítulo sobre os portos na  segunda etapa do Programa de Investimento em Logística (PIL 2015-2018), anunciado com pompas e circunstâncias ontem (9) pela Presidente Dilma. Não cri. Estrategicamente, o anúncio se dá no momento em que a economia brasileira está em xeque, dado o ajuste fiscal em discussão nacional. 

Mas, por outro lado, compreendo que a parceria do dinheiro público (BNDES) com o capital privado, por meio das concessões neste caso, cabem. É uma saída de gestão importante. Reconheço.

De algum modo, isso desideologiza o discurso do PT. Não importa o nome, concessão é uma forma de privatização do espaço público. Mas, no contexto, especialmente para mim que sou aficionado por resultado, pouco importa. Sou entusiasta desse tipo de "negócio", desde que as coisas melhorem e a sociedade não pague sempre uma conta sobre outra conta. Impostos é o que não nos falta.

Conforme chamada do O Globo (10/o6), 40% dos R$ 198 bi são incertos. Dá pra desconfiar. O PAC nos ensinou a não levar a ferro e fogo esse tipo de anúncio. O jornal Valor Econômico é frio ao dizer "Realismo e exageros nas concessões". A Folha diz que é um "...pacote de intenções...". O Estadão alerta que o "Mercado vê com cautela...". Especialistas lançam dúvidas, mais que certezas.

Estima-se investir R$ 37,4 bilhões em infraestrutura nos portos brasileiros. O programa abrange os modais de transporte rodoviário, ferroviário, portos e aeroportos. De toda sorte, ainda que só 60% disso tudo seja real, já é importante. O Brasil produz e não escoa, e quando o faz desperdiça, perde tempo, torna cara a mercadoria, enfim. Logística e infraestrutura são mesmo necessários.

Sobre Angra


Sem contar o fato de a Rodovia ser o único canal de ligação entre os bairros da cidade e também fazer parte do Plano de Evacuação do Complexo Nuclear, considero importante dizer que no Plano de Ações do Fórum de Desenvolvimento Econômico do Estado do Rio não consta nenhum destaque para Angra. 

O Governo do Estado desautorizou o ship-to-ship, e licenciou provisoriamente as operações de transbordo no Tebig por 90 dias, e não abre discussão sobre o projeto de expansão do Terminal. E o Porto de Angra, convenhamos, é uma incógnita até hoje. A Technip já mostrou projetos, serviu café quente e suco gelado, mas até a Fábrica de Tubos foi para o raio que a parta. 

Portanto, com todo respeito, em meu entendimento, instalar Praças de Pedágio no trecho de Angra é covardia, é inusual. O Complexo Nuclear precisa de rodovia desimpedida em caso de sinistro. O custo de vida vai ficar mais elevado. Os projetos de infraestrutura citados estão desacelerados. A própria duplicação desse trecho já estava contemplada na primeira fase, à partir do Arco Metropolitano de Itaguaí. A obra foi abortada depois que caiu Ministro e cúpula dos Transportes por suspeita de corrupção. Que papo é esse de pedágio na Rio-Santos então?

Eis aí um outro bom tema para o debate. Se quer uma coisa, que dê outra. Vai pôr braço logístico com o modal rodoviário sem ter suprido a demanda do aeroviário, sem ter definido legislação adequada para o aquaviário e ainda negando os projetos do Tebig e do porto? Não, não aceito. 

Nem o Governo do Estado do Rio, nem esse pacote da União contempla a infraestrutura de escoamento dessa mesma produção nacional por Angra, com estes setores já ditos. Com um detalhe: estão todos instalados, basta ampliá-los. Que lógica perversa é essa com os interesses regionais e do Município? 

É o meu entendimento.
Espero ser convencido do contrário.
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19h50min.    -     adelsonpimenta@ig.com.br

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