CONCEIÇÃO DO PT, COMO CRER?

Talvez, tomada pelos sentimentos eleitorais que afloram a cútis dos candidatos, principalmente na medida em que o dia da eleição vai se aproximando, vimos, ouvimos e lemos muita coisa boa, propostas amadurecidas e factíveis e que compõem uma leque de soluções pensadas pelos candidatos e seus grupos políticos para problemas que afligem o município, o estado e o país. Mas, convenhamos, há nisso tudo muita coisa que precisa ser discutida mais amiúde antes mesmo de ser deletada. Ora, a campanha eleitoral é o momento em que os candidatos dialogam com o eleitor e este toma pé das propostas para então decidir com segurança -sob seus próprios critérios e convicções- pelo voto. Neste caso, porém, não posso deixar de comentar as últimas propostas da candidata petista em Angra, com todo respeito.

Pois bem, Dona CONCEIÇÃO do PT:

> Considerando que o Município de Angra tinha estimado para este ano/2012  investimentos na ordem de R$ 85 milhões, e tendo havido queda - por determinação judicial - de R$ 60 milhões com o ICMS do petróleo, reduzindo para R$ 25 milhões essa capacidade; 

> Considerando que os custos de manutenção/custeio do Hospital da Japuíba, construído pelo FERNANDO JORDÃO e estadualizado pelo Prefeito TUCA, está estimado em R$ 100 milhões/ano;

> Considerando que a política pública de subsídio ao transporte coletivo urbano compromete parte da receita municipal, algo em torno de R$ 35 milhões/ano;

>  Considerando que só o estudo de viabilidade técnica e econômica para a implantação de um trem - VLT (Veículo Leve sobre Trilho) não é nada barato;

> Considerando que o modal sobre trilhos emprega alta tecnologia e precisa de atualização e manutenção permanentes. Estimo como alto o valor da passagem e caso se confirmasse a sua proposta de pôr um trem na cidade em sua eventual vitória na eleição, seria necessário recorrer aos subsídios governamentais para que a população de baixa renda pudesse utilizar o trem. Isso é um fato concreto quando se relaciona ao assunto, resta ver as poucas experiências existentes no Brasil;

> Considerando  que há limites e regras fiscais rígidas, que há dívidas ainda sendo pagas pelo Município, como a do Banco Mundial, pelo financiamento do projeto Prosanear, por exemplo:

> Considerando que a desautorização do Governo do Estado sobre o projeto de ampliação do Tebig e sua consequente baixa na produção a que está proposta, deixa a estimativa oficial de perda arrecadatória de algo em torno de R$ 300 milhões/ano;

> Considerando não haver dentro do Fórum de Desenvolvimento Econômico Estratégico do Estado qualquer previsão de financiamento para estudos dessa natureza para Angra e Região, quiçá sobre a execução de projetos dessa monta; 

> Considerando ainda haver um projeto federal de ampliação da Rodovia Governador Mário Covas (Rio-Santos) que, segundo o Vereador petista ANTONIO CORDEIRO, vai até a divisa de Paraty com Ubatuba, sem qualquer indício levantado, estudado, estimado, previsto ou qualquer coisa parecida sobre o que a Sra. propõe, enfim. 

Considerando essas coisas, assim como outras que dialogam com essas demandas, pergunto, Dona CONCEIÇÃO do PT:

Qual a razoabilidade e a verdade dessas suas propostas para o Município, enquanto candidata a Prefeita? Antes mesmo de estabelecer uma linha crítica, pergunto: como crer?

a) Ora, o Hospital já é municipal, afinal ele está construído em Angra, mas terá seu custeio bancado pelo Governo do Estado; portanto: Qual a razão, a justificativa plausível para esse seu discurso de municipalização?

b) A bancada do PT se absteve na votação pela implantação do programa 'Passageiro Cidadão' e os Vereadores da bancada petista discursaram frontalmente contrários a iniciativa do Prefeito TUCA, mas hoje, repassada a informação pela Prefeitura de que mais de 100 mil pessoas já se cadastraram, a Senhora assume o discurso de manutenção do programa, ao que pergunto: Como fazer isso sem comprometer suas outras promessas de campanha dentro do orçamento Municipal?

c) Qual base técnica e literatura econômica a Sra. obteve para assegurar que fará uma retomada do modal ferroviário com plataforma de atendimento ao transporte de passageiros em detrimento de sua operação de cargas, via trem -VLT?

d) Qual seria o custo operacional desse atendimento em VLT para a iniciativa privada, de maneira que o projeto se tornasse atrativo para o empreendedor, mesmo sabendo de antemão que os custos são elevados e o retorno não fora sequer estudado por qualquer órgão ou especialista de excelência - que se tenha por conhecimento público, pelo qual se conheceria ao menos uma estimativa do valor de uma passagem x trajeto x quantidade de gente = viabilidade?

e) Qual seria o comprometimento e o impacto financeiro sobre a receita pública municipal com mais essa política de subsídio ao transporte de trem?

f) Qual será o custo estimado de manutenção/custeio de 4 novas policlínicas no Município?

g) Como, feitas essas propostas, a Sra. faria ainda para manter mais essas 4 policlínicas à serem construídas em seu eventual governo, já tendo assumido a municipalização dos custos estadualizados do Hospital da Japuíba?

Enfim. Me perdoe a candidata do PT, pessoa por quem tenho amizade e admiração, mas a campanha eleitoral e o desejo de vencê-la não pode ser suficiente para nos fazer fugir à razão das coisas. Eu sinceramente gostaria de ter essas respostas para então formular uma crítica ou elogio, quem sabe. Na boa, vai que ela tenha uma fórmula fiscal e econômica mágica que eu desconheça. Por fim, essa conversa de "parcerias" com este ou aquele governo não supre a desconfiança sobre o "sonho" que os discursos de palanque querem provocar no eleitor; afinal, essas parcerias já ocorrem. É promessa com tamanho e proporção demais, e isso é muito sério, precisa ser tratado com cautela e critérios - está fugindo muito à razoabilidade das coisas. Espero respostas.

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12h55min.       -         adelsonpimenta@ig.com.br