terça-feira, 13 de agosto de 2013

ANGRA: TEM MALANDRO(S) APLICANDO PRA CIMA DOS METALÚRGICOS


Não me atreveria afrontar a defesa dos que buscam acertadamente melhores condições de trabalho, salários mais justos, condições importantes como participação no lucro da empresa, entre outras coisas. Tudo é isso é saudável e faz parte de um processo de negociação salarial. O extremismo e as manobras dos aproveitadores de plantão é o que preocupa. Cá entre nós, escrevi em postagem anterior, a direção da empresa solta suas bravatas - com a que tenta seduzir os interesses da categoria ao conformismo com o que está posto, sob ameaça de retirar os investimentos da cidade. É balela. Há fartura de contratos no mundo para a indústria naval e até mesmo os prazos para construção de navios e plataformas estão sendo espichados um pouco mais pelos contratantes, porque reside o receio de perder agendas nos estaleiros, já que o mercado está com forte demanda, o crédito está abundante, e mão de obra qualificada escassa. Isto eu sei.

Todavia, é conversa para ser resolvida entre patrão e empregado, intermediado pelos Sindicatos de ambos os lados e, em penúltima instância, pela Federação que os representa. Em última instância, a Justiça.  Há interesses comerciais envolvidos, há contratos e prazos estabelecidos, há recursos desprendidos, há negócios evidenciados. Pelo lado de quem produz no chão da fábrica, há cidadania, direitos adquiridos, deveres estabelecidos, acordos costurados, família em casa, salário e benefícios no fim do mês, enfim. Neste trecho da prosa é que pergunto: Onde acharam espaço para discursos políticos aqui?


É uma covardia o que os líderes, (não sei apontar quais seriam tais responsáveis, mas, seja lá quais forem, jogam contra o real interesse do trabalhador metalúrgico), estão fazendo neste processo. Ora, motivar homens e mulheres em greve a caminharem à pé pela Rodovia até a porta da Prefeitura e depois levá-los à Câmara Municipal para, em ambas as oportunidades, ouvirem políticos discursarem e entoarem suas bravatas, prometerem coisas que sequer conhecem, iludirem os que estão esperançosos de que alguma mão os auxilie em busca de soluções, a meu ver, é um erro, uma afronta ao bom senso. 

As isenções fiscais concedidas à empresa precisam de revisão, é óbvio, até para que, como disse na postagem anterior, ao menos as condicionantes sejam atualizadas, mas, me perdoem a franqueza, isso não é conversa que se decide no balcão de um bar regado a talagadas de cerveja, nem com microfones em punho na sacada da Prefeitura, nem tampouco na emoção de palavras proferidas na tribuna legislativa. Não, não é assim. É justo ocupar a Câmara para protestar, seja lá qual for o motivo, e os metalúrgicos tem dois representantes diretos eleitos, mas, o caso aqui é outro. Se a negociação entre trabalhadores e empregadores sobre condições salariais e de trabalho são tão difíceis, a ponto de haver greve e várias reuniões, quem dirá uma renegociação que envolve o cerne de tudo isso, ou seja, a matriz do negócio - a empresa e sua estrutura, e os benefícios à municipalidade, ou seja, o interesse público? Até mesmo o TCU (Tribunal de Contas da União) determinou que o Ministério do Planejamento reveja a concessão da área cedida a empresa Brasfels, considerada como uma das maiores fornecedoras de plataformas da Petrobras. Em outras palavras, a empresa tá cheia de facilidades, faturando alto e falando grosso demais com quem não deve. Mas, é com jeito que se resolve as coisas.

Esse é um processo negocial muito mais complexo, que se exige mais que o que tem sido oferecido aos trabalhadores até aqui por um ou outro líder de plantão ou político oportunista, com todo respeito. Essa conversa se dará com gente com poder de decisão à mesa, com avaliações econômicas importantes, com projetos e análises técnicas muito mais exigentes que parece, com abordagens de conjunturas e projeções de mercado e de receitas. Grosso modo é isso. É uma decisão política que precisa ser tomada - a de se renegociar números, valores, condições, contrapartidas, enfim, mas é uma questão que precisa acontecer de maneira institucionalizada, formalmente, com gente qualificada para tal e sem arroubos de eloquência de palanques montados sobre o que de fato buscam os trabalhadores nesse momento. Fecho aqui alertando aos metalúrgicos que desconfiem dessas ações de tirá-los de seu ambiente de trabalho e de negociação para levá-los para ouvir e aplaudir políticos no Centro da cidade. É lorota de gente com malandragem, de quem busca dividendos eleitorais ou qualquer coisa que o valha, menos vontade de fato de dar solução ao caso. Esse processo se resolve de outra forma.
É o meu entendimento.
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19h28min.     -     adelsonpimenta@ig.com.br

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