sexta-feira, 18 de outubro de 2013

10 DIAS DE REFLEXÃO

ARTIGO DO BLOG

Há algumas semanas eu li uma frase do deputado federal Fernando Jordão (PMDB) dizendo que "Ser prefeito de Angra é um prêmio, não um fardo", em sua página no Facebook. Ele se referia sobre as dúvidas que foram semeadas quanto a manutenção do programa Passageiro Cidadão em Angra, tão logo a Prefeita Conceição Rabha encaminhou à Câmara um projeto que limitava em duas vezes por dia o uso do cartão - e suspeitou-se o seu fim, quando dito literalmente pela líder do Governo na Casa, a vereadora Lia, que o programa concorria seriamente para ser encerrado, caso não fosse aprovada a sua redução. 
O programa de R$ 1 na catraca de ônibus, com subsídio ao transporte público pela Prefeitura, foi apresentado à cidade pelo ex-prefeito Tuca Jordão, como um das maiores iniciativas de transferência de renda dos últimos anos no município - que logo mostrou-se uma assertiva, com mais de 105 mil pessoas cadastradas. Em outras palavras, mexer com isso é futucar onde não se deve, é conspirar contra o interesse social. A passagem a R$ 1 em Angra tornou-se cláusula pétrea, e alterar isso é quase ilegítimo. A ideia consta no Plano Nacional de Mobilidade Urbana, e Tuca se apoiou em alterações técnicas apontadas pelos estudos da Coppe/UFRJ para melhorias no transporte público municipal.
Próximo do fim dessa primeira temporada sentada na principal cadeira do Paço Municipal, o que se avolumou foram reclames e pessimismos oficiais, sobressaindo a quantidade de anúncios sobre novos investimentos públicos e atração de outros privados. Em artigo muito bem escrito numa das edições do semanário angrense Maré, o experiente jornalista João Carlos Rabelo chegou a alertar para a carga negativa que esse tipo de discurso causa no consciente social e as dificuldades que isso pode criar politicamente, podendo se tornar até irreversível eleitoralmente. Foi mais ou menos isso que escreveu, mas foi exatamente o que disse. 

Ele estava certo, é mesmo preocupante para uma população que foi levada a sonhar com "mudanças", ser destinatária de tantas mensagens pessimistas pelo seu governo. Erros sucederam-se em procedimentos administrativos, em articulações políticas, em relações institucionais, em comunicados oficiais, em nomeações, enfim. Em quase tudo o que se tentou fazer, por equívocos até primário de condução, não houve avanço, não logrou-se êxito. Vide matérias essenciais para a Prefeita que foram enviadas aos vereadores - que serviram para dividir uma base de sustentação que precisava manter-se unida. 
Em nota mais recente do jornal regional 'Voz da Cidade', já em meados de 10/48 de mandato, uma lenha a mais sobre a fogueira das vaidades no poder local, dizendo sobre um secretário que tenta implodir o outro para ejetá-lo da cadeira e tomar-lhe as atribuições e competências de ofício de Governo. Não entro no mérito, só digo que passado um bom tempo do artigo citado do jornal local, um outro veículo - agora regional mostra que o tensionamento interno persiste. Nesse clima, se proceder o informe, não se encontra a eficácia, o ambiente propício para se gerir com responsabilidade e compromisso ético a coisa pública, antes porém, prospera a insensatez. Rogo que seja uma inverdade o teor dessa nota.
É óbvio que a Prefeita Conceição Rabha, que conhece as entranhas de seu partido, que sabe o seu tamanho nesse processo, deve estar fazendo suas próprias avaliações, porque é dela quem o eleitor vai cobrar, não de seus secretários e asseclas. As rédeas de seu governo devem ser tomadas por ela. É ela quem tem votos, não necessariamente sua entourage.  Ela disse ter encomendado uma auditoria, depois soube-se ser tarefa dada ao pessoal interno, logo, pressupõe-se ter sido a busca de uma radiografia interna para seu próprio planejamento de ações governamentais e não obrigatoriamente para encenação de ações panfletárias excursionadas por subalternos - ávidos por mostrar alinhamentos, ao invés de qualidade à governança. Ações que não auxiliam a Prefeita no que ela mais precisa, que é de uma boa equipe, e não  de ações isoladas de Euquipes.

Num governo que todo mundo se arrisca no direito de falar oficialmente, ninguém termina falando de outro modo que não seja politicamente. Conceição goza do respeito da população de Angra, mas não tem como saber a validade de sua paciência. É preciso tino, percepção, bom senso, capacidade e decisão. Se ela preserva amigos e acordos, que o faça, mas que não sobreponha isso aos resultados esperados de seu governo, pagará o preço por isso; se aguarda soluções, dado o cenário existente, talvez devesse revisar o timming das coisas; se espera por um milagre, deve começar a jejuar, porque dinheiro não aceita desaforo; se quer governar, precisa se livrar do peso que a máquina tem com gente que não produz. Conceição, de quem Angra espera mais que o que tem sido dado até agora, precisa pôr seu governo para governar. 
A gestão do PT em Angra tem solvência financeira; faz gestão plena de saúde; goza dos benefícios de ser do mesmo partido que o Governo federal, e aliado do Governo estadual, tem no deputado Luiz Sérgio - um dos mais influentes do Congresso Nacional, segundo o Diap, um aliado de primeira hora; tem na Presidência da Câmara quem se quis colocar lá, ou seja, o vereador Jorge Eduardo (PMDB), que chama a prefeita por tia, pois é mesmo seu sobrinho; enfim, não faltam condições para que se faça um tremendo e diferenciado governo. Mas, perceba, em 10 dias de reflexão, vê-se que um ano já se foi e as expectativas vão se frustrando. Eu torço pela Prefeita Conceição, não sei é se suas escolhas também. 

Farei oportunamente uma leitura detalhada sobre o Governo, por agendas temáticas.
É o jogo! 
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14h31min.     -     adelsonpimenta@ig.com.br

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