quinta-feira, 24 de outubro de 2013

DO PARLATÓRIO AO PALAVRÓRIO

Confirmada a sua vitória, desde o seu primeiro discurso dos dias que antecederam a posse, até a cerimônia em que se tornou oficial o que dissesse, a petista Conceição Rabha, do alto do parlatório (considerando assim o local onde fez seu pronunciamento ao povo de Angra), reiterou seu compromisso com a coisa pública e o respeito às diferenças. Foi um ato acolhedor.

As festividades de fim de ano - já consagradas na cidade, foram realizadas. Importante destacar o esforço da equipe de transição administrativa nas prévias e o trabalho do pessoal já nomeado para que tudo tivesse o mínimo de organização. E teve. O carnaval foi outro ponto importante. As críticas, por óbvio, não deixaram de existir, principalmente em relação as mudanças no trânsito da cidade, mas o evento ocorreu. E muitos outros, com o mais recente sendo um de cunho gospel, realizado na Praça do porto, sob a coordenação do gabinete do vice-prefeito da cidade de Angra, Leandro Silva (PDT).

O vereador Helinho do Sindicato, antenado na representatividade social do segmento evangélico que, segundo levantamento estimado pelos pastores, já chega a 40% da população local, e pelo IBGE também, logo, nenhuma novidade, apresentou um Projeto de Lei que cria condições para a promoção de eventos socioculturais evangélicos na cidade. Segundo anunciou, já alinhavou com uma deputada de seu partido para que se busque colocar o evento no Calendário Oficial do Estado também. Alguns itens foram vetados pela Prefeita. Os vereadores derrubaram. Se ela não sancionar, o Presidente da Câmara o fará.

O que me preocupa é a participação de algumas pessoas pelas redes sociais manifestando-se contrários ao PL, o que é um direito, mas sob argumentos que não se sustentam quando comparados ao que diz a redação do Projeto defendido por Helinho. Em momento algum a forma de se realizar tais eventos ou o desembolso financeiro para isso é tratado na matéria, que versa sobre a previsão legal para a sua realização. Ora, seria demais a pretensão de querer imputar ao Governo o jeito de fazer eventos para segmentos específicos de nossa sociedade, isso só acontece por meio de diálogo com as lideranças de cada segmento, boa vontade política, percepção de atendimento e representatividade social e amparo jurídico legal e reserva financeira prevista para tal finalidade.

O banco do Brasil chegou a bancar shows de artistas sertanejos para arrecadação de dinheiro que se suspeita ter sido para partido político. Detalhe, o próprio banco comprou um lote grande dos ingressos disponíveis e distribuiu entre seus funcionários e convidados. Quem não se lembra disso? Foi evento que antecedeu o escândalo do mensalão no país. Isso sim configura-se crime, erro. Mas, atender a segmentos com ampla representatividade na sociedade para realização de eventos socioculturais, é por demais importante. A rivalização ensaiada entre religiões é que pode gerar conflitos inesperados e desnecessários, como bem disse o vereador petista Fábio Macedo. E, por fim, não há lógica na defesa de quem quer o financiamento público de campanha, por exemplo, ser contra o uso do dinheiro público para a diversidade cultural da cidade. Parabéns, Helinho e que o povo evangélico seja contemplado com essa bela iniciativa.

Fico com o que foi dito no Parlatório, crendo firmemente que havia fé nas palavras proferidas pela Prefeita, sempre muito respeitosa com as religiões e pessoas. Não há como compactuar com o que se tem apressadamente sido espalhado pelas redes sociais, em parte, por assessores parlamentares ou militantes partidários - coléricos e ofensivos, num repreensível palavrório.
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19h07min.    -     adelsonpimenta@ig.com.br

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