sexta-feira, 11 de outubro de 2013

(IN) SEGURANÇA EM ANGRA

ARTIGO DO BLOG

O semanário 'A Cidade' - em Angra/RJ, tem alertado sobre o clima de insegurança social que está estabelecido na cidade, e a cobertura jornalística mostra isso de forma mais clara. Tem sido assustadores os relatos e testemunhos. Não é possível saber com exatidão as raízes desse problema, mas é menos traumático sugerir alguns fatores que seguramente subsidiam este debate pela paz na região da Costa Verde fluminense.

Ainda nas gestões do casal Garotinho no Estado do Rio, a região da Costa Verde, que tem sua base policial de comando administrativo e operacional em Angra, o 33³ BPM, foi esvaziado, quando um contingente importante de algo em torno de 163 policiais, segundo conversas informais com policiais militares, foi levado para outras regiões, principalmente para a capital. De lá pra cá, salvo uma reposição esporádica ou outra, não mais que 1/4 desse total foi reposto - e a coisa só se agravou. Mas, importante destacar neste artigo, por mais impactante que seja este alarmante informe, ele ainda é uma pequena parte dos problemas. 

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A recomendação técnica da ONU é a de que haja 1 policial para cada 250 habitantes. Segundo os dados censitários do IBGE, a expectativa populacional para esta região neste ano de 2013, está em 277.839 mil pessoas. Num cálculo simples, o efetivo policial na região devia partir de 1.111,³ homens. Não é preciso o número que tenho, mas, segundo informações que obtive por telefone com o 33° BPM,  a média do efetivo policial de todo Batalhão é de 540 homens, já que oscila. Considerando esse dado, haveria um déficit humano na PM - nessa região da Costa Verde, de algo em torno de 571, ou seja, falta mais homens que os que estão disponíveis, para que se atenda ao resultado dos estudos da ONU. 

O vereador Thimóteo, que é sargento policial militar, há alguns dias, disse na tribuna da Câmara de Angra que há um déficit de 160 policiais no 33°BPM para atendimento só da cidade, salvo engano. Isso é grave. Mais que números, isso torna-se um complicador para que o comando da PM na região defina estratégias de ação e obtenha resultados práticos mais favoráveis, e termina tendo de fazer ações pontuais, medidas paliativas e o emprego da força onde se poderia usar a inteligência com mais precisão. É o que sugiro, não quer dizer que seja necessariamente o que de fato tem por realidade a Polícia Militar.



Os vereadores de Angra, por meio da Comissão de Segurança Pública, presidida pelo Hélio Severino (o Helinho do Sindicato), atenta aos fatos, foi a uma audiência com o Secretário Estadual de Segurança Pública do Estado do Rio, José Beltrame, há algumas semanas, e o que ouviu não foi muito animador, com a promessa de ações de forças-tarefa e o pedido de um prazo espichado de mais uns 6 meses para que uma avaliação sobre o aumento de efetivo policial na região e reabertura de postos avançados da PM nos bairros sejam providenciados - ou não.

Das conversas que tive com policiais da ativa na região, ouvi coisas como a dos armamentos pesados usados pelos bandidos, o que inaugura uma espécie de novo cenário nesse enfrentamento. Não havia registros de fuzis, hoje suspeita-se já ter algo em torno de 15 na cidade - em poder dos marginais e suas facções criminosas. A PM apreendeu 1 em Muriqui, distrito de Mangaratiba. Ainda hoje (11), em combate no bairro do Frade em Angra, haviam, segundo relatos dessas conversas, 6 bandidos portando fuzis e trocando tiros com a Polícia, enquanto os policiais não possuem armas compatíveis, o que aumenta o risco sobre as operações. Em síntese, me disseram alguns policiais, o principal registro é sobre o tráfico de drogas - que seriam comercializadas nas vias urbanas, mas os traficantes estariam escondidos nas matas, o que dificulta o acesso, o controle e a repressão, sobrecarregando o baixo efetivo humano disponível no 33° BPM.


O novo comandante-geral da PM no Rio é o Coronel Luiz Castro, um cidadão íntegro, que conheci pessoalmente e por quem pude ser atendido com a maior presteza quando eu e minha esposa fomos vítimas da insanidade humana em Angra, tendo dispensado a mesma atenção para o nosso caso como o fez sobre todos quantos ocorreram sob o seu comando no 33° BPM. Seus principais assessores de gabinete também são oficiais experimentados da PM, com larga trajetória em Angra e região, motivo pelo qual espera-se maior sensibilidade com a causa, já que são todos testemunhas das necessidades e conhecedores dessas transformações que estão acontecendo na região à luz do dia, carecendo de maior respaldo político e institucional em termos de segurança pública.
Em tempo: O Coronel Luiz Castro não participou dessa reunião da cúpula do Estado com os vereadores. Infelizmente.


Na Polícia Civil a coisa não é diferente, senão desesperadora também. Entre 89 e 95, segundo me disseram alguns agentes com os quais conversei informalmente, a 166° DP tinha um efetivo  de 80 funcionários, quando havia núcleos importantes como de roubos e furtos, de homicídios, enfim. Hoje, não passa de 36 funcionários, considerando os que estão de férias e/ou os que se afastam por licença médica. A estrutura de trabalho é precária, com registros de ocorrência feitos ainda em máquinas de datilografia. Das viaturas disponíveis, 2 são caracterizadas, mas estão ruim mecanicamente; 2 são descaracterizadas para serviços administrativos, carecendo de manutenção urgentemente, e 1 é para transporte de presos. Em suma, são precárias as condições de trabalho. Há alguns anos, eu fiz uma matéria para meu extinto programa de TV na 166° Delegacia de Polícia em Angra e sei bem o que falo. 
Em Tempo: No bairro do Bracuí funcionará a Delegacia Legal, quando espera-se melhorias.

Por fim, diria que a política de segurança pública do Estado, a despeito dos merecidos elogios que tem recebido sobre a implantação das UPPs no Rio, tem carecido de revisão técnica e diálogos institucionais urgentes. Os bandidos podem estar migrando para as regiões interioranas e, no caso da região da Baía da Ilha Grande, há ainda as facilidades das vias marítimas, o que é um outro complicador. A prefeita de Angra, Conceição Rabha, conversou reservadamente com o jornalista Jesiel Ferreira, no dia da morte - em confronto - do PM Leone, e a petista disse que:  
1- vai começar a demolir as casas abandonadas no alto dos morros que estão sendo usadas como esconderijo; 
2- vai contratar 86 policiais para trabalhar nas folgas. A prefeitura vai pagar esse trabalho extra. Ela disse que essas duas ações seriam tomadas ainda neste mês. 

Minha sugestão é a de que a prefeita também converse com a cúpula de segurança pública do Estado e sugira Angra no programa de 'Sistema Integrado de Metas', além das petições já observadas por este artigo. Além disso, retomo aqui o que escrevi em 23/11/10, sob o título: "Secretaria Municipal de Segurança Urbana", em leitura que reforço agora, em 2013.

Em 28/11/10, publiquei: "Efetivo Policial"
Em Tempo: Espero ter contribuído, e esta página está a disposição para manifestações pessoais e institucionais. 
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18h17min.     -     adelsonpimenta@ig.com.br

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