segunda-feira, 11 de novembro de 2013

MUDANÇA NÃO É MAIS DO MESMO

O desafio que está posto à mesa das decisões do principal gabinete da Prefeitura de Angra/RJ não é só de governança, mas político também. Ora, é importante destacar que o PT geriu a máquina pública local por doze anos, tendo sido sucedido então por alguém que lhe impingiu uma marca negativa que se sobrepôs a todo esforço do partido pelo que considerava legado de sua gestão pública na cidade. Não obstante, resta ver que, mesmo não falando com insistência, Fernando Jordão foi intermitente e permissivo no que se refere ao anúncio dos débitos herdados com o programa Pró-Sanear. Quem não ouviu, de um modo ou de outro, que a Prefeitura paga ao Banco Mundial por um projeto inconcluso? Não é pouca coisa, é tático. Jordão matou no ninho a cobra que podia lhe picar, ou seja, deu pauladas na cabeça da principal bandeira de seus antecessores, e levou isso às campanhas eleitorais posteriores. 

Na gestão do ex-prefeito Tuca Jordão, eleito sob as bençãos e apadrinhamento de Fernando, houve menos tensionamento em relação ao assunto. Não foi algo que não se comentasse mais, porém, a ênfase foi menor. Tuca buscou equilibrar-se entre as marcas herdadas e a necessidade de imprimir sua digital. Tratava-se, oras bolas, de um governo continuado, mas na linha de frente estava um ator diferente - que optou por uma equipe distinta. Cabem várias críticas também sobre as gestões dos Jordões, é inegável, mas é preciso reconhecer muitos avanços. Todavia, o que restou da gestão Tuca no imaginário  e no consciente social foi a marca do auxílio às famílias de áreas de risco, em menor intensidade; e os benefícios do programa Passageiro Cidadão, em maior escala. É a marca que ninguém lhe tira.

Com Conceição Rabha a frente do Município, volta o PT - após doze anos. Muita coisa mudou, a cidade já não é a mesma, as demandas existem e carecem de soluções. Não há dúvida de que ela empreende esforços para resolver as coisas e fazer com que outras tantas aconteçam, é expediente de quem está no poder. Mas, ela foi alçada pelas urnas populares sob o discurso de mudança, ou seja, rompimento com o modelo de gestão pública que estava posto. Não é bem comparando, mas tem certa similaridade com a sucessão feita há doze anos pelo Fernando, quando também negociou com o eleitor uma ruptura com o que herdaria no governo. 

Conceição, talvez por um acaso, quem sabe, projeta o primeiro grande pacote de investimentos de sua gestão justamente sobre o saneamento básico no Parque Mambucaba, onde, coincidentemente, Fernando deixou obras inconclusas nesse setor. No que se refere ao antecessor Tuca, eis aí a polêmica do desembolso para cobrir os custos com a passagem a R$ 1. Neste caso, é mais difícil mexer no nome, já enraizou-se, mas estabelecer critérios e organizar a coisa toda pode sugerir responsabilidade. Mas, observem, até aqui, de um jeito ou de outro de se ler os fatos, arrisco em dizer ser mais do mesmo. Mudança é outra coisa, e ela já planeja o seu ano - sobre o que falarei em outra postagem.
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12h09min.      -      adelsonpimenta@ig.com.br

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