Está cheirando a crime ambiental de proporções ainda desconhecidas o que vem ocorrendo no mar da Baía da Ilha Grande, em Angra/RJ. Se não for, todavia, um crime a origem dessa densa espuma que está tomando conta do mar, então é crime a forma como os órgãos ambientais estão lidando com essa questão. A desinformação prejudica; a omissão deseduca; mas a desfaçatez, neste caso, agride, ofende.
O turismo é um dos principais vetores da economia local e seguramente esse tipo de problema - que ganhou projeção com cobertura jornalística de importantes canais da mídia nacional já provoca seus estragos. Segundo informações - ainda precárias, já estaria havendo cancelamento de reservas em hotéis e pousadas para as festividades de fim de ano, assim como o mercado de aluguel de lanchas de recreio também já começa a sofrer danos. Isso pode gerar demissões. Estamos entrando na alta temporada, justamente quando se espera ganhos reais com o turismo, logo, é certo que essa espuma no mar de Angra é prejudicial. Em 2007 a Ilha Grande foi eleita entre as 7 maravilhas do estado.
Salvo engano, algo em torno de 13 mil hectares, o que corresponde a 65,5% da superfície da Ilha Grande, está sob jurisdição da gestão ambiental do Estado, por ser um Parque, criado e expandido por Decreto estadual, logo, o secretário de Estado de Meio Ambiente é mais prefeito dessa área que a própria prefeita da cidade, a petista Conceição Rabha. Como bem sabemos, o Inea foi criado unindo todos os órgãos ambientais do Estado num só, logo, é de sua responsabilidade também a apresentação de um Laudo Técnico e de uma ação jurídica e administrativa que apresente melhores informações e responsabilizações, caso caibam, sobre o caso. A Marinha do Brasil, por meio da Delegacia da Capitania dos Portos, também deve institucionalizar essa questão, afinal, a plataforma marítima faz parte de seu expediente; e, lógico, Ibama e Meio Ambiente do Município precisam atuar.
A sociedade exige mais que notas oficiais ou vídeos institucionais com paliativos, o caso requer muito mais que isso. Setores da economia local, tais como a pesca - que corresponde ao 3° setor mais importante da cidade, os meios de hospedagem, a caça náutica; o meio ambiente marinho e a sociedade como um todo não podem ficar reféns da falta de soluções. A principal vítima dessa espuma, neste primeiro instante, tem sido a verdade, ao que se percebe. Angra é importante demais para ser tratada dessa forma por quem tem o dever de lhe proteger. A origem e os efeitos dessa espuma são desconhecidos, mas os danos já começam a ser contabilizados.
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23h36min. - adelsonpimenta@ig.com.br
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