quinta-feira, 7 de agosto de 2014

ANGRA: RETRATO DO SETOR PESQUEIRO

ARTIGO DO BLOG

Ao falar de Angra/RJ, coisas inevitáveis e absolutamente confrontantes povoam a mente, sendo as suas belezas naturais paradisíacas, mas também seu gravíssimo problema urbanístico. Estes são capítulos da intrigante história do município, que está entre os mais elevados índices de crescimento demográfico no estado. A mistura é a de muita gente, grandes demandas, pouca oferta e muitos desafios. Há muita coisa para ser dita e debatida, mas, neste caso, dado o contexto eleitoral, vou me ater a um tema - a pesca profissional.
A região sul-sudeste é a maior reserva e área produtora de pescado do país, mas, há novidades sobre o assunto. Consta que parte importante dos pescadores está migrando para o setor naval, impulsionados por salários certos e bem mais convidativos, bem acima da média da pesca. O setor que mais qualifica e emprega é o de atendimento e suporte ao mercado petrolífero. A notícia não é ruim, em se tratando de pensar no melhor para essas pessoas, mas, por outro lado, preocupa o setor pesqueiro, dado o fato de ser cada vez mais complicado montar equipe para tocar as embarcações.

Angra dos Reis se destaca no cenário nacional da pesca. É o segundo maior produtor do estado do Rio de Janeiro de camarão do rosa, e o primeiro na produção nacional de sardinha. Só para se ter uma ideia, vem mantendo-se nessa colocação nos último quatro anos consecutivos, sendo que em 2013 essa produção sardinheira correspondeu a 44% do que se produziu nacionalmente, com 33 mil toneladas. O setor local gera 5.700, entre empregos diretos e indiretos, mas enfrenta deficiências logísticas e estruturais que comprometem o custo final do pescado.

A solução custa R$ 33 milhões


A solução é a construção de um moderno entreposto pesqueiro. O Governo da prefeita petista da cidade, Conceição Rabha, tem um projeto básico feito por um arquiteto da própria Secretaria Municipal de Pesca,  sendo que o projeto executivo está sendo feito pela Universidade Federal Fluminense - UFF. Está orçado em R$ 33 milhões, com dimensões de quase 10 mil m² de área, e está cadastrado no Siconv desde 2013, segundo o secretário de Pesca, Júlio Magno. 

O desenho arquitetônico prevê a Área Cooperativa Propescar, quase 5 mil m² e a área do Cais de Turismo, além de uma parte do Lote 8 (estacionamento hoje). Para essa equação funcionar, há entraves burocráticos e políticos na negociação que se arrasta há anos entre a Prefeitura de Angra e a Cia. Docas, já que a proposta pelo Lote 8 (frente ao Hospital) é uma troca com o Lote 4 (próximo do Mercado Floresta). A conversa andou pouco, e continua truncada, porque, ao que parece, o diálogo institucional com a direção da Cia. Docas nunca é definitivo. Onde hoje funciona o Cais de carga e descarga, será transformado num moderno cais de Turismo e para atendimento dos ilhéus.

Entre outras coisas, está previsto para esse entreposto pesqueiro 4 píeres de 50m. cada um, com  9 m. de largura; autonomia de 10 barcos descarregando simultaneamente; área de manuseio totalmente coberto; restaurante; auditório; todo processo de descarga será mecanizado (peixe sai do barco, cai na esteira e vai para dentro do galpão onde é separado e processado), o caminhão estaciona pela porta de trás  e carrega; haverá área reservada para tabuleiros; área para conserto de rede; estacionamento para caminhões; Gelo no Terminal será alterado da média atual de 80 toneladas para 300 toneladas, a cada 24 horas.

Tem muita coisa pela frente, assim como a necessidade de desafetação da rua que passa por dentro do Cais, que terá que ser enviado pelo Executivo e aprovado pela Câmara, enfim. O setor pesqueiro carece desses investimentos, com certeza - e a cidade precisa de um reordenamento urbanístico e mudança nas posturas, de forma que um empreendimento público dessa grandeza na região central da cidade fará muita diferença para o que se quer e se busca em resultados e soluções.
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23h32min.    -     adelsonpimenta@ig.com.br

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