domingo, 7 de setembro de 2014

A SANHA PELA SUCESSÃO NA CÂMARA DE ANGRA

A Presidência da Câmara de Angra/RJ voltou a ser objeto de cobiça entre os "pares". Falta algum tempo ainda para que de fato essa discussão ganhe força publicamente, mas os dias são contados no dedo pelos que já se articulam com pressa alcançadora nos bastidores. Não há ambiente hoje para que a essa escolha seja antecipada, como foi no caso do segundo biênio da legislatura passada, mas a sanha é a mesma. 

O fato à época:
Houve ação policial e judicial sobre os atos administrativos do Legislativo angrense, que culminou com a prisão da então presidente desse Poder, Vilma dos Santos, (sob denúncia de coação de testemunhas no curso do processo). O então vereador José Maria Justino assumiu o comando da Casa. Uma nova eleição para a presidência foi antecipada, consensualmente, e o comunista José Antonio Gomes foi eleito -, quase aclamado. Hoje a conjuntura é outra.

O jogo atual
José Antonio foi reeleito e tentou voltar à presidência em 2013, mas não tinha votos. Reclamou e muito do ex-prefeito Fernando Jordão, com quem teria um acordo pela presidência. Fernando não se elegeu. Hoje eles são aliados novamente, ao menos nesta campanha eleitoral, quando um quer ser deputado estadual, e o outro federal. 

Foi nessa quizumba toda que emergiu o nome de Jorge Eduardo Mascote.

Bem, aqui merece uma narrativa própria. Jorge foi eleito vereador pelo PMDB. Mas, para a eleição à presidência da Câmara teve a tia, digo, a prefeito Conceição Rabha, como aliada. Assim, foi eleito. Sob sua gestão a oposição cresceu na Casa, tendo ele mesmo feito essa migração também. 

Nas prévias das últimas eleições municipais, especulou-se sobre seu nome à vice de Fernando. Eles racharam logo após a eleição. Hoje já são vistos à mesa com velhas afinidades repaginadas. Ao Fernando, que queria o José Antonio na presidência, Jorge dá o aperto de mão; à Conceição, que foi fiadora de seus acordos à presidência - para a qual foi eleito, o dedo em riste. Esse tipo de oscilação no comportamento, fez com que perdesse a influência que podia ter além da definição sobre a pauta das votações. 

Histórico e Barbeiragens Administrativas
Em 30/12/12, publiquei: "O PT votará no PMDB na Mesa da Câmara"
Em 11/02/14, publiquei: "Ação Isolada, Reação Maciça"
Em 13/02/14, publiquei:  "Depois do Vacilo"



Jorge Eduardo é inconstante, e tem por costume recuar de uma decisão pouco tempo depois de tomá-la. Um desses recuos mais recentes foi justamente sobre a eleição para deputado, pela qual afirmava há algum tempo que disputaria e que não seria mais candidato à reeleição à vereança. Sobre o primeiro caso já recuou; e quanto ao segundo, só com o tempo saberemos. 

Ele também não deixou de ter problemas sobre seus atos administrativos; se não legais, morais. Casos sob suspeição social que ganharam certa repercussão se tornaram um incômodo aos demais vereadores desta legislatura,  como este da contratação de profissionais para o setor de Comunicação para a TV Câmara; o da compra de pó de café, com o que se supôs sob preços impraticáveis na economia popular. 

Ele herdou de seu antecessor um projeto de construção para uma sede própria do Legislativo, sendo que até mesmo um terreno foi comprado para essa finalidade. Os custos são altos para essa construção, mas ele teria assegurado que faria a obra, e não a fez. 

Na esteira dessas barbeiragens, vereadores como Carlinho do Santo Antonio, Marco Aurélio e Fábio Macedo põem seus nomes às sondagens internas, segundo informes em off; pela oposição, ganha força o nome do sindicalista Helinho. Aliás, na eleição de Jorge, Helinho foi o primeiro a proferir seu voto, ainda na posse realizada no Clube Aquidabã.

Mas, penso que o nome do próximo presidente é o que menos importa nesse instante, e sim o fato de saber que o atual presidente estaria sem força interna, sem respaldo partidário e sem gordura pra queimar nessa sucessão. Seu voto é disputado, seu apoio nem tanto. 

Sob sua gestão, somados os dois anos a frente do Poder Legislativo, mais de R$ 60 milhões entraram no cofre em que só ele tem a chave, com recursos ordinários do duodécimo orçamentário, e a sociedade reclama por ter no Legislativo local um Poder distante, frio e aquém de suas expectativas. 

Por conta disso, os pretendentes a sua cadeira estão à espreita e se movimentam à sua sombra. 
É o jogo!
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17h04min.   -    adelsonpimenta@ig.com.br

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