segunda-feira, 20 de outubro de 2014

QUAL O CUSTO-ANGRA HOJE?

A edição n° 178 do prestigiado jornal @Voz, da Costa Verde fluminense já está nas bancas e nos postos de distribuição. Há diversas matérias interessantes e reportagens exclusivas. Neste blog, em especial, destaco o artigo publicado em minha coluna, na íntegra. Espero que apreciem - e que sirva à reflexão.

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"Está muito difícil atrair novos investidores para Angra, dada a sua precariedade em infraestrutura urbana; insegurança jurídica; burocracia administrativa junto aos órgãos licenciadores, falta de área que compatibilize legislação e espaço, entre outras coisas. A cidade inevitavelmente paga um alto preço por conta disso. " Foi o que eu disse em artigo anterior. Qual seria o Custo-Angra hoje?

É o seguinte, R$ 300 milhões é o custo estimado sobre o projeto que resolverá o problema de água em Angra dos Reis/RJ, segundo o Presidente do Serviço Autônomo de Água e Esgoto - Saae, Elzadio Ferraz. De 64 pontos de captação, iria para dois. A região do 4° distrito é onde tem mais abundância de água potável, segundo um levantamento técnico que lhe foi apresentado. A Prefeitura não tem esse dinheiro, sequer posso afirmar ter o projeto executivo concluído. O Plano Municipal de Saneamento Básico está sendo confeccionado ainda.

O Estado, por meio da empresa Nova Cedae, que explora e fatura sobre os serviços na cidade, mas não investe um centavo sequer - há anos, está na muda faz tempo. Aliás, no processo de migração para a Bolsa de Valores, quando foi tentar se capitalizar, a empresa adicionou como valor agregado em seu ativo econômico a gestão da água em Angra, mas ignorou o saneamento básico. Fez isso, diga-se, com a concessão junto a municipalidade já expirada. 

O desafio é estabelecer a captação correta, levar essa água até pontos de reservação à serem construídos mais próximos da área central da cidade e otimizar a sua distribuição. É uma questão de infraestrutura, logística operacional e emprego de tecnologia. É tirar de uma ponta da cidade e levar para a outra, ou seja, das expensas do Frade até a vizinhança da Verolme, por linhas subterrâneas e subaquáticas. 

A Prefeitura não tem como bancar esse investimento sozinha, logo, tem que ter projetos e ir em busca de alternativas para esse financiamento. A capacidade de endividamento do Governo tem lastro, mas isso daria ao PT novamente a pecha de ser sempre esse partido que endivida a cidade, como foi no caso do projeto Pró-Sanear. Mas, observe, a causa é nobre, a história é que terá que ser bem contada. Se for essa a opção direta.

Não são poucos os agravantes. O fornecimento de energia elétrica na cidade é precário; razão pela qual a Câmara Municipal já fez audiências públicas e reuniões de trabalho inclusive com a Agência Reguladora do setor - a Aneel. O Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro (MPRJ), por meio das Promotorias de Justiça de Tutela Coletiva do Núcleo Angra, e a Procuradoria Geral da Prefeitura ajuizaram ação civil pública (ACP) contra a concessionária Ampla S.A. em razão da má prestação do serviço de fornecimento de energia elétrica no município.

Em 18/09/14, vereadores da região da Costa Verde fluminense foram reclamar sobre os serviços de telefonia fixa, móvel e Internet, na sede da Agência Nacional de Telecomunicações (ANATEL), no Rio de Janeiro. Somente a TIM e a Oi compareceram. A Vivo e a Claro nem ao menos justificaram a ausência. É desleixo demais com os usuários e com as cidades em que operam.

Em suma, em Angra falta água, cobertura adequada do saneamento básico; capacidade de fornecimento de energia elétrica; e melhoria nos serviços de telefonia. Adicione a isso a ausência de duplicação da rodovia Rio-Santos no trecho entre Paraty e Mangaratiba. Os desafios vão além dos discursos políticos e de palanques eleitorais, é preciso empreender gestão na cidade. 

Na edição de 2014 da revista World Pipelines Oilfield Technology, Celso Raposo, Diretor de Serviços de Consultoria Técnica da DNV GL, diz que "atualmente o Brasil é um dos destinos de investimento mais favoráveis do mundo". Ele relata problemas como a falta de mão de obra qualificada e a necessária superação sobre barreiras tenológicas, mas assegura que a carteira de investidores na área petrolífera, de serviços e apoio à indústria, está recheada. É hora de se estudar essas questões, mas sem resolver problemas existentes na cidade, isso se torna impraticável, ou seja, Angra perde oportunidades demais pela ausência de infraestrutura. 

A Prefeita de Angra, Conceição Rabha, não é diretamente responsável pelo que herdou, é verdade, mas é com ela que está a esperança de soluções, afinal, é ela a governante da cidade eleita para resolver as coisas. Para isso, mais que vontade, é preciso projetos, capacidade técnica e operacional, e isso não se faz com saliva e boa vontade somente, mas com gestão. É preciso ter equipe, tomar decisões, determinar coisas e cobrar resultados. É o que espero dela.
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22h10min.    -    adelsonpimenta@ig.com.br

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