domingo, 30 de novembro de 2014

PCdoB EXPULSA VEREADOR

O último político da cidade - e curiosamente enquanto vereador no mandato, expulso pelo seu partido, foi o Leandro Silva pelo PR. Hoje ele é vice-prefeito da cidade pelo PDT. Preservadas as diferenças de tempo e estilo, segundo o jornalista angrense Jesiel Ferreira, a Executiva Estadual do PCdoB deliberou pela expulsão de um de seus quadros em Angra, o vereador José Antonio.

Vereador José Antonio, é expulso do PCdoB


Análise Política
Advogado experiente, ingênuo não é. 

Quando firmou aliança na última eleição - em que concorria para deputado estadual,  com o candidato do PMDB, Fernando Jordão, fez uma opção alheia ao direcionamento de sua Executiva. Quando manifestou apoio ao candidato Aécio Neves, novamente se opôs ao caminho traçado por seu partido. Ao deixar de fazer campanha para Lindberg, recuou em relação as diretrizes de sua agremiação partidária. 

José Antonio milita politicamente há muitos anos e orbita nas esferas de poder com certa desenvoltura, tanto que tem reconhecimento até mesmo de seus adversários como sendo um oponente que não deve ser subestimado, nem um aliado à quem se deva dar mais que o necessário. Isso é, antes de tudo, mérito dele, em meu entendimento.  Apesar do monopólio dos partidos sobre as candidaturas, José Antonio ascendeu local e, quiçá, regionalmente também, senão principalmente, pela luz própria.  

Não me cabe julgar os procedimentos administrativos adotados pelo partido para a expulsão do parlamentar, até mesmo porque nada sei nesse sentido, mas cabe especular sobre seus desdobramentos. José Antonio corre sim o risco de ter um pedido pela decretação de perda do cargo de vereador. É possível que isso ocorra. Todavia, isso não significa dizer que perderá a causa. A expulsão por deslealdade, por infidelidade, acarreta em desfiliação, costumeiramente, mas daí a perder o mandato é outra história.

Segundo soube, ele teria sido convocado à uma reunião, mas não teria ido. Não sei qual a razão prática de sua ausência, pode até ter sido um migué do parlamentar, mas, de antemão, salvo melhor leitura, já há um certo prejuízo sobre sua defesa. Certamente, ao ser notificado da decisão partidária, o vereador buscará caminhos na esfera superior imediata da legenda, ou seja, junto a Executiva Nacional para reparação de dano, como pode tomar o caminho da Justiça. Ele também pode não fazer nada disso e esperar o próximo lance da Executiva que lhe expulsou, já que não há garantia de que queira retornar ao partido, mas sim o de preservar o mandato - e só.

O fato é que uma notícia bombástica dessa, às portas da eleição para a escolha da nova Mesa Diretora da Câmara de Angra, num processo sobre o qual ele está enfiado até o osso do peito, pode sim ter elementos para desestabilizar suas articulações em favor do candidato Marco Aurélio. Se há um mínimo risco de perda de mandato, há uma porção de coisa à se pensar. 

Ele terá que ser hábil para desfazer as más impressões que o caso lhe provoca e talvez o tempo não seja suficiente. O uso da tribuna da Câmara na próxima terça-feira certamente lhe será o palco adequado - e todas as atenções serão para seu discurso. É uma questão interna, um assunto seu com seu partido, mas que mexe com os interesses políticos alheios e faz parte da dinâmica do jogo. O Presidente ou um representante estadual do PCdoB deverá vir a Angra nos próximos dias, a direção local deverá ser oficiada - e isso pode lhe trazer maior desconforto.

De toda sorte, ele tem muita gente sua filiada, ou seja, que vota internamente, e a direção local da legenda é de sua lavra política. Ele é expulso (termo forte), mas, a menos que sua turma também saia, manterá tentáculos de poder no partido. O outro vereador da legenda, Helinho do Sindicato, também tem peso e importância num processo dessa natureza, já que passa a ser a única liderança política local no partido. Eles estão afinados até agora nas ações partidárias na cidade.
É o jogo!
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15h22min.  -   adelsonpimenta@ig.com.br

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