sexta-feira, 12 de dezembro de 2014

GODINHO É O ÍCONE DO JOGO

Eduardo Godinho sinalizou seu rumo na eleição da nova Mesa Diretora da Câmara Municipal. Quando, todavia, foi à plenária de seu partido, poucas horas antes da eleição, e discursou que só votaria num outro candidato se este fosse do PT, abriu um flanco que até então não havia para a legenda. O porquê desse discurso é um segredo. Quando, porém, o nome de sua líder, Lia Aguiar, foi apresentado à presidência - e tornou-se público, poucas horas depois, nada mudou. Godinho não quis ser encontrado. Seu voto elegeu Marco Aurélio. 

Sua postura desconcertou a base do Governo (o acordo foi costurado também com a oposição); desidratou a liderança da Lia e, por fim, deu um xeque-mate em seu partido. Não é pouca coisa, é um movimento tático dos mais significativos. Mas, passado o calor dessa decisão, percebo que aos estrategistas do Legislativo, àqueles com os quais Godinho se aliou, não querem só chorar no velório, querem cumprir o enterro do Governo.

Quando da Câmara saiu um comunicado - despretensioso - de que justamente o Godinho será o seu interlocutor com o Executivo, foi inaugurado um novo período, o de que o papel de líder do Governo (indicado pela Prefeita) terá pouca importância na Casa. Em outras palavras, disseram os vitoriosos que doravante só reconhecerá uma liderança indicada pela Casa, não mais um nome sugerido pelo outro do outro lado da praça. Nessa ordem. 

Não sei, por exemplo, se o vereador José Antonio pode presidir alguma Comissão Permanente da Casa, já que ele está sem partido. É preciso saber o que diz o Regimento Interno. Se puder, terá ainda mais margem para pressionar; do contrário, pode estar criando o ambiente que lhe favoreça entre os seus para essa relação nos próximos dois anos com a máquina pública.

Mas sei que há uma jogada em curso pelo nítido esvaziamento da força do Governo sobre sua bancada, sobre o Legislativo. O próximo passo pode ser o de ampliação da oposição. Godinho, que parece não ter nada com isso, é justamente a peça escolhida para fazer as coisas, em nome de um PT, que expõe as vísceras de sua divisão interna - e de lambuja enfraquece seu Governo na cidade.

E se o PT indicar a Lia como líder do partido, e o Governo indicar o Carlinhos do Santo Antonio como líder de sua bancada? Os dois foram preteridos por Godinho, mas este, por sua vez, diz que é da base governista. Não estou dizendo que isso vá ocorrer, mas o jogo é jogado. Não sei sequer se seria prudente, mas sei que se o Governo aceitar passivamente ficar na parede em que o estão encurralando, pode ficar sem alternativas de saída. Seja como for, os dois lados estão de olho em Godinho. Ele agora não tem mais como se esconder.
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14h30min.    -    adelsonpimenta@ig.com.br 

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