quinta-feira, 4 de dezembro de 2014

QUEM GANHA COM A PERDA NO ANGRAPREV?

Íntegra de meu artigo publicado em minha coluna no prestigiado jornal @ Voz, da Costa Verde. Essa edição, nas bancas e postos de distribuição, está chamativa - com reportagens exclusivas e conteúdo jornalístico diferenciado. 

ANGRAPREV: QUEM GANHA COM A PERDA?

O que acontece com a gestão do RPPS - Regime Próprio de Previdência de Angra dos Reis/RJ - o AngraPrev precisa ser justificado. É preciso tirar o lacre dessa caixa preta. À quem interessa a perda? Quem ganha com isso? Há que se ter respostas, já que as perguntas são inevitáveis. Pode cair no colo da prefeita, Conceição Rabha, um problema sobre o qual ela tem sido alertada, mas tem feito ouvidos moucos. Sem acusações por enquanto, só alerta. 

Perguntas:
Como é que uma empresa que presta consultoria para sobre quase meio bilhão de reais, o faz pela bagatela de algo em torno de R$ 7 mil por mês? Qual plausibilidade há na compra de um imóvel ao custo em torno de R$ 1,5 mi (nova sede administrativa)? Por que publicou-se dois Editais para seleção de operadores, sendo que após o primeiro, nenhum dos aprovados foi chamado ou sequer consultado; e pouco tempo depois lançou-se outro, em que deu-se um prazo mais curto para habilitações documentais, e que não foi prorrogado? Enquanto isso, as aplicações foram mantidas com gestores que rendem menos, comparativamente. Quem explica as barbeiragens feitas com o BVA? Qual o resultado do estudo de solvência dos fundos? Por hora, são só perguntas. Há outras, que serão feitas oportunamente.

Star Ranking
O jornal Valor Econômico e a Revista Exame divulgaram rankings dos melhores gestores de fundos do país. Entre as empresas classificadas no Star Ranking, haviam duas das que foram classificadas no Edital do AngraPrev. Mas, estranhamente, não havia nenhuma das que operam para o Regime Municipal. Ainda assim, nenhuma mexida foi feita pela gestão do AngraPrev. 

A renda variável, que segundo a gerente financeira do Regime Próprio de Previdência de Angra, dito em 07/11/13 - ao site Investidor Institucional, era a mais vantajosa, foi a principal fonte de ganho desses fundos estrelados no Ranking. Enquanto o Ibovespa entregava meros 3,22%, as 20 carteiras multimercados e de ações de maiores retornos no período rendiam entre 6,64% e 16,76%, peneirando oportunidades principalmente na bolsa de valores. As apostas do AngraPrev, nesse sentido, foram todas equivocadas, ficaram com rendimento menor, ou seja, tiveram perdas.

Famílias de Fundos
Comparando a Caixa Federal e o Banco do Brasil, alguns dos que hoje administram o dinheiro pelo AngraPrev, com a empresa de gestão de fundos melhor classificada no país, segundo a matéria do 'Valor', em Fundos de Renda Fixa, Fundos de Renda Variável, Títulos Públicos, é possível entender as diferenças. O que não é possível compreender é a postura do AngraPrev. 

Se fundos classificados rendem mais, porque manter dinheiro com os que rendem menos? A empresa Brasil Plural ganha de todos, principalmente quando trata de aplicações longas, acima de 12 meses. Em  Rendas Variáveis, que é Bolsa de Valores, a diferença é de surra. 

Renda Fixa (IPCA), Inflação: São 3 fundos diferentes que operam hoje pelo AngraPrev, e todos renderam menos que a Brasil Plural, quando se espelha para 12, 24 e 36 meses. O servidor público está perdendo. Perdeu em 2013 e continua perdendo em 2014. Quanto a família de fundos (Renda Fixa Pré-Fixado): Só tem o Itaú. O Brasil Plural ganha de goleada em 12, 24 e 36 meses. O BTG Pactual se equivale, em média. Em Fundos Referenciados, o Bradesco Premium está na média de mercado.  Fundo de Ações: O AngraPrev opera com 3 fundos, sendo CEF,  Itaú, e  Kiméia (uma empresa do Itaú). Nessa família de Fundos, o Brasil Plural ganha de goelada nos 12, 24 e 36 meses. 

Perdas
Na Bolsa, os Fundos tem que rentabilizar pelo menos o índice da própria Bolsa. O Kiméia, nos últimos 6 meses rendeu menos que a Bolsa. A CEF nos últimos 12 meses rendeu menos que a Bolsa. Reitero a pergunta: Quem ganha com essas perdas? À quem interessa? Que consultoria é essa que avalia o mercado por um ângulo que preza a perda e não a rentabilidade possível?

Monitores
Há instrumentos de gestão, por exemplo, que concentra o valor de tudo o que tem investido no mercado  num extrato só . É preciso puxar todo dia a rentabilidade. É preciso mostrar todo dia onde está concentrado e qual rendimento real e o possível com cada agente financeiro. Há desenvolvedores de sistema, por exemplo, já disponíveis no mercado, que dá o acompanhamento segundo-à-segundo sobre a movimentação -, com indicadores analíticos sobre as melhores opções de mercado nos 40 países mais desenvolvidos do mundo. São softwares inspetores de monitoramento de altíssima tecnologia, que ao final do dia fornece uma leitura completa sobre erros e acertos nas aplicações feitas no dia, em tempo de correção sobre várias delas. 

Com tudo isso explicitado, trazido às claras, e com o ataque pessoal que fez contra mim o Presidente do AngraPrev em postagem no Facebook, já seria de se suspeitar. Mas, isso ainda não é tudo. Os conselheiros acabam de decidir, sob orientação da consultoria de R$ 7 mil, que não mexerão em nada, que manterão os recursos dos servidores nos mesmos lugares onde estão - no que chamam de "moderados". Gato subiu no telhado. 
Então, pergunto: Quem ganha com a perda?

Um comentário:

Paranhos Filho disse...

Nobre articulista, se servir, sei quem perde com a perda: EU!
Sabemos a importância da renda variável nos ganhos em longo prazo, sobretudo com os juros compostos das reaplicações corretas dos rendimentos.
Sabemos também que a empresas sólidas com bons fundamentos geram bons lucros no longo prazo (previdência=longo prazo ≠ especulação).
Sabemos ainda que o percentual aplicado em renda variável tem que ser gradativamente diminuído a medida que se avança em anos de labuta; o inverso ocorre em renda fixa que, gradativamente, deve ser incrementado em aplicações.
Não sou do ramo, minha área é outra, mas tenho conseguido proteger o pouco que consigo poupar da corrosão inflacionaria, a mesma que destrói a reserva do servidor, aquela que vejo ir embora compulsoriamente, todos os meses, tendo a certeza que se tivesse em minhas mãos amadoras estaria mais protegida, sem taxas de administração, desempenho, carregamento e bem longe dos abutres, aqueles com a face tal qual Madre Tereza fazem bem é tungar a coisa pública.

“Remediorum annus outrem refrescorum est”