sábado, 7 de fevereiro de 2015

ANGRA, OS TEMPOS LHE SÃO DIFÍCEIS


Para a situação política, econômica e social de Angra/RJ, honestamente, recomenda-se cuidado. Não é momento para movimentos bruscos. A conta pode ficar salgada demais para a municipalidade. Muito antes dos interesses eleitorais, movimentações políticas e questões partidárias, está o interesse da sociedade. O que está ruim, pode piorar e muito. 

É preciso maturidade e responsabilidade. O quadro nacional é crítico, o estadual é preocupante, e o municipal é uma incógnita. 

Não bastasse o pedido de instalação de uma Comissão para avaliar o impeachment da prefeita de Angra, sob cuidados da oposição, que conspira pela criação de um cenário de instabilidade social e política; há um quadro praticamente recessivo nacionalmente, que certamente continuará afetando a saúde financeira dos municípios, conforme alerta a Confederação Nacional dos Municípios - CNM. 

E, não bastasse isso, que já é coisa pra caramba, a cidade se depara com problemas de infraestrutura urbana, destacadamente sobre o abastecimento de água potável. Mas, o que está ruim, ainda pode piorar. O custo social pode ser altíssimo para Angra. 

Na edição da semana passada do semanário angrense Maré, o jornalista João Carlos Rabello chamou à responsabilidade do pessoal que discute a posse desta ou daquela nova diretoria do Sindicato dos Metalúrgicos, porque a empresa não havia recebido os repasses da contratante - a Sete Brasil, mas que vinha mantendo em dia os pagamentos, e acrescentou que até aquele momento não havia citação da empresa nos escândalos de corrupção deflagrada pela Operação Judicial Lava-Jato. Corretíssimo. E foi adiante ao pedir atenção com a possibilidade de greves, porque não é hora pra isso.

Na edição deste fim de semana dos jornais brasileiros, com destaque para o Valor Econômico, há a informação de que a divulgação do conteúdo da delação premiada de Pedro Barusco, ex-gerente de serviços da Petrobras, e a troca de comando da estatal, congelaram de vez as negociações da Sete Brasil para a contratação de financiamento de longo prazo com o BNDES, a Caixa Econômica Federal e o banco inglês UK Export Finance. O contrato estava previsto para ser assinado antes de ontem (05/02). 

O estaleiro Brasfells tem contratos em vigor sendo executados, que dependem desses pagamentos. Com essa instabilidade, não estão descartadas as demissões.   

Não só o Sindicato citado, mas principalmente o Governo do PT em Angra e a Câmara de Vereadores precisam saber lidar com frieza sobre o turbilhão de tantas emoções políticas que o pedido de impeachment provoca, assim como as possíveis demissões. O contexto é crítico. 

O Poder Legislativo não é o fiador do Executivo, pelo contrário, mas também não pode ser rebaixado a um mero Poder agitador social. A postura dos vereadores contrários ao impeachment da prefeita é firme, e o Presidente da Casa, vereador Marco Aurélio, eleito sem o apoio do Governo, é decisiva. 

É legítima a ação da oposição, legalmente falando; politicamente, é golpe. Mas, a essa altura, creio que até esta leitura está superada pelos fatos. É preciso cuidado para não sair disso pior que quando entrou. E falo da cidade como um todo. Corre-se um sério risco de todos perderem. Não vejo a ruptura como saída pra nada, e sim a cautela e, quem sabe, união das forças políticas da cidade. 

Que haja a desmilitarização dos argumentos de defensores do impeachment, bem como a dessalinização da defesa dos que apoiam a prefeita. Nossa guerra é outra agora, e cabe jogar água limpa e não combustível sobre o interesse público, sobre a população. Baixar a poeria, recolher as armas e dialogar é mais assertivo.

O Governo, por sua vez, precisa buscar saídas ao caos social que pode ser instalado na cidade. Precisa de um plano de governança exequível, realista e proativo. Para isso, precisa dispor de quadros técnicos e capazes de buscarem saídas, apontarem alternativas e encontrarem soluções. 

Urge abrir-se, dialogar com os setores produtivos da cidade, ouvir mais os empregadores e empreendedores, institucionalizar a relação pública com o setor privado, trazer os vereadores para seu lado, inclusive os da oposição. É um momento que exige traquejo, muita cautela, objetivo e foco. 

A população já sofre muito por desmandos de seus governantes que se revezam de tempo em tempo no exercício do poder nacional, estadual e local, não pode ainda pagar por rinhas que não são suas.  

A União ensejando a criação de novos impostos, aumentando tarifas, mexendo nas regras de benefícios trabalhistas; o Estado cortando investimentos, diminuindo suas próprias projeções de crescimento; e o Município afeito às suas incertezas, criadas por suas gente no poder. 

Não, a maré não está para peixe. Angra que se cuide, os tempos lhe são difíceis. A superação é agregando, não segregando.

foto achada na rede, autor desconhecido
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12h30min.    -    adelsonpimenta@ig.com.br 

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