quarta-feira, 4 de fevereiro de 2015

IMPEACHMENT: VAI QUE COLA


Proposituras, debates de ideais, discussões acaloradas, apartes, enfim, tudo é do jogo. O trato entre essas pessoas não pode ser incivil. O pedido de impeachment da prefeita de Angra e de seu vice, por alguns vereadores angrenses, é a demarcação de território, é a ruptura, o fim do diálogo político entre esses grupos. Mas, tem também efeito pedagógico, abre um flanco de discussão social sobre a governança, a governabilidade, as movimentações políticas, e sobre o valor político do próprio impeachment.

Há quem procure respostas sobre se você está deste ou daquele lado, conosco ou contra nós, se concorda ou não. Isso é minimalismo, mas não deve ser negado.

A Prefeita foi eleita por um mandato de 4 anos, não de 2. Ao propor a abertura de uma Comissão com este objetivo, os opositores criam um fato que tem variantes. É o fim do fair play, é a estratégia de marketing, é a ousada busca da ruptura civil em relação ao Governo. Vai que cola.

Há uma população muito antenada; há manifestações nas redes sociais; há tendas espalhadas pela cidade; há assessores políticos e ativistas digitais fazendo eco pela internet. Não se deve subestimar essa capacidade de reverberação. Há, igualmente, possíveis prejuízos ao ambiente de negócios na cidade, porque expectativas ruins, clima de instabilidade social e política, geram incertezas. Pragmaticamente falando, todos perdem.

O pedido de abertura de uma Comissão para avaliar as denúncias pelo impeachment, regimentalmente é legítimo; politicamente, é golpe. No entanto, não é possível prever as consequências eleitorais, porque, dependendo da reação governamental (institucional, social e política), a fatura pode ficar salgada para a própria oposição. É um risco de difícil cálculo - para ambos os lados. Só nas urnas, em 2016, se saberá qual a compreensão coletiva e resposta crítica sobre tudo isso.

A coleta de assinaturas e o material recolhido à partir daí, não tem qualquer valor jurídico. Mas, não é isso que deve ser avaliado num primeiro instante, e sim a capacidade oposicionista de mobilizar e convencer. 

Não dá para saber se a oposição, que criou o fato, capitulou para si o descontentamento cidadão em relação ao momento ruim do Governo. Não é sequer possível dizer se o fato de haver quem apoie o impeachment, o faz porque enxergue nestes vereadores o canal político fiador das soluções. É preciso pesquisas para ter melhor essa compreensão. Até que ponto a maioria da população angrense acha responsável um pedido de impeachment feito por alguns vereadores?

Quais os reflexos dessa ação sobre a administração da cidade, sobre a vida dos munícipes?Qual é a fatura e quem paga essa conta? 
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14h36min.    -   adelsonpimenta@ig.com.br 

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