quinta-feira, 20 de agosto de 2015

ANGRA E SUA CONVULSÃO SOCIAL

Aqui expresso minha opinião, sempre foi e será assim. É que a minha condição de Subsecretário de Comunicação da Prefeitura de Angra pode fazer com que alguém interprete meu ponto de vista como sendo o do Governo, e não é. Não necessariamente. Porquanto, preocupado demais com o que acontece na cidade, assim como já faço há quase uma década por esta página, escrevo algumas linhas acerca do que penso sobre os últimos acontecimentos público na cidade.


Quando a população vai para a rodovia federal (Rio-Santos, na altura do bairro do Frade), em especial esta que o principal modal logístico do Plano de Evacuação da usina Nuclear, e impede o tráfego, é um problema. Quando o faz por horas, é um problema estendido. A causa é sempre importante, e, neste caso, se referia especialmente ao Hospital de Praia Brava que vira e mexe inventa uma de não atender emergências pelo SUS. 

A Prefeita Conceição Rabha se reuniu com o Presidente da empresa Eletronuclear e com a Presidente da Feam e resolveram o assunto. 

No dia seguinte, funcionários da Santa Casa impediram o trânsito da via de acesso ao Centro da cidade. O reclame? Falta de pagamento, ou o atraso deste. A realidade: Na semana anterior a direção da Santa Casa já havia sido informada pela FusAr de que o pagamento cairia na terça-feira seguinte. E foi justamente o que aconteceu, conforme anunciado. Mas foi nesse mesmo dia que os funcionários resolveram fazer essa manifestação. Um nó.

Depois disso veio o informe de alguém violando caixões no Cemitério do Belém. Noves fora, um Registro de Ocorrência na 166° DP feito pelas autoridades municipais. Um crime. 

O alerta sobre a falta de água nos reservatórios do município, outro grave problema que atinge a todos. Uma bomba-relógio. É preciso haver chuva.

Escrevendo assim os fatos são isolados uns dos outros. Parece que são. Mas, quando sobreposto aos indicadores oficiais da cidade, cruzando com outros de análises como os do Caged, os do IBGE, do Pnud, da ONU, do Ipea, da CNM, enfim, o que não falta são estudos, vê-se que o caso é gravíssimo. Angra, ouso dizer, precisa parar de crescer agora, enquanto é tempo. Parar de crescer demograficamente, precisa resolver suas demandas, dar conta de suas necessidades. É um desafio e tanto. Angra precisa se desenvolver, mas isso requer dar conta de passivos caríssimos às agendas da cidade.

É preciso estabelecer urgentemente um controle de ocupação urbana. É preciso dar respostas às demandas estruturais da cidade. Se não houver um debate sério, criterioso e amplo socialmente sobre isso, o futuro pode se tornar ingovernável. Ordenamento, reestruturação, redimensionamentos, precisam ser estabelecidos. Não me atenho a este ou aquele prefeito, falo de comprometimento de gestão da cidade. É sério demais isso para ser tratado no miudinho deste ou daquele candidato. É sobre coisa muito maior que falo.

Viver em Angra é um privilégio, mas é preciso que cuidemos de repensar nossas ações. Os últimos acontecimentos em Angra são sintomas de um corpo febril, que precisa ser remediado. Essa convulsão está precedida de problemas muito mais graves. É preciso que tenhamos maturidade para fazer essa discussão.

Nossa banda larga é sofrível; nossa oferta de água está comprometida; nosso fornecimento de energia elétrica é precário; nossa rodovia é de apenas dois rolamentos - um pra ida e outro para a volta; nossa questão fundiária é cheia de insegurança jurídica; nossa reserva de terras e áreas para o desenvolvimento industrial é escasso, para o urbano está no limite, enfim.

Eu aceito este debate, pelo bem da cidade e espero que o façamos.
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16h10min.    -    adelsonpimenta@ig.com.br

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